Viandante

29. O coração de um soldado

POV Sehun

Dia após dia eu abria meus olhos pela manhã, sendo ofuscado pela claridade do cômodo branco no qual eu dormia e dividia com meu colega, general Min Yoongi. Sempre acordávamos no mesmo horário, nossos organismos eram habituados àquilo, e íamos treinar durante o período da manhã. No meio do dia fazíamos uma refeição com cápsulas ou plasma, para na parte da tarde recebermos treinamento teórico, que incluíam coisas básicas de ciência e muita coisa de história. Eles queriam que soubéssemos como a humanidade tinha sido cruel nas eras anteriores, e aprendermos a não ser daquele jeito.

Todos os dias eram sempre iguais, e você pode até se perguntar se isso me incomodava, mas devo dizer que não. Eu era habituado a isso e vivia muito bem, sem ter nada do que reclamar. Não até eu conhecer ele.

[...]

– Bom dia general Min, general Sehun. – o marechal Choi nos cumprimentou, ao que respondemos com uma reverência. – Os chamei aqui porque parece que estamos com um problema.

– Que tipo de problema senhor? – meu colega indagou.

– Não sei ao certo o que está acontecendo no passado, mas o tenente Jeon não tem dado bons retornos sobre sua missão. Ele está muito atrasado, e a cada mensagem que manda ele parece ficar mais e mais estranho. – o mais velho explicou.

– Estamos à disposição Marechal. – não era como se tivéssemos escolha de qualquer forma, mas eu achava que seria interessante conhecer o passado.

– Vocês partirão amanhã. – Seunghyun prosseguiu. – Vocês irão encontrar Jungkook e o alvo escolhido por ele, Park Jimin. Seu dever é trazer este rapaz para cá, são e slavo, custe o que custar, entenderam?

– Sim senhor. – respondemos em uníssono.

– Aqui está uma foto dele. – o marechal projetou na parede de sua sala a imagem de um jovem de cabelos loiros muito sorridente.

Eu nunca tinha visto um sorriso em minha vida. Aquilo era tão diferente, era como se a imagem me hipnotizasse. Não conseguia parar de olhar, fasincado, para os olhos pequenos que sorriam junto com os lábios, de uma forma tão sincera que me causava estranheza, mas não era de uma forma ruim.

– Estão dispensados, descansem bem para a viagem.

– Obrigado Marechal .- saímos juntos da sala.

[...]

Quando chegamos naquela Terra estranha de sete mil anos atrás, tudo era muito mais diferente do que eu tinha imaginado. Ao contrário de meu tempo, tudo era muito barulhento, tinham muitos veículos de transporte, que deixavam as ruas tão cheias ao ponto de eles se moverem até mais lentamente que os transeuntes que caminhavam, aquilo não fazia o menor sentido pra mim. As pessoas também eram barulhentas, falavam, os mais jovem eram ainda mais barulhentos, e dependendo de por onde passássemos havia música. Minha cabeça até doía um pouco devido a tamanha discrepância entre isso e a minha época, onde tudo era tranquilo e silencioso.

O ar também era diferente. Eu já sabia que ele era quimicamente distinto, porém não imaginava que até mesmo o cheiro seria carregado. Meu corpo não se sentia bem naquele local, e só queria fazer logo o que tinha pra fazer e ir embora.

Mas aparentemente o tenente Jeon estava mesmo disposto a não colaborar. Eu conhecia aquele garoto a minha vida toda, e nunca o tinha visto daquele jeito. Seu rosto estava totalmente diferente, ele expressava alguma coisa com os olhos e com o modo de falar, o que me fazia questionar se ele tinha adquirido sentimentos. Mas isso não era possível, não tinha como eu acreditar nisso.

Por mais que ele tivesse entrado em combate físico comigo e com Yoongi, apenas para salvar nosso objeto de estudo, ainda era difícil entender o que passava pela cabeça dele. Mas um dia eu entenderia, um dia eu saberia exatamente como Jeon se sentia, e como aquela pessoa baixinha e que até então nada mais era que uma cobaia pra mim, era tão especial.