Olá, garotas! Esse post é só pra me redimir por ter sumido. Comecei um trabalho novo que está sugando meu tempo e minhas energias, mas vou voltar a postar, agora nos DOMINGOS, e as lives serão nos domingos também. Acho que assim é melhor para todo mundo, certo?
Nos vemos no próximo domingo então!
Com amor, B
Até certo ponto, Cristina dava graças a Deus por ter tido uma infância de merda, ela pensava enquanto batizava o próprio café com uma boa dose de uísque.
E não vire seus olhinhos julgadores na direção dela. Só Deus de sua luta diária para não parar na cadeia, uma batalha já agora durava meses, desde que Tom sumira do mapa e a hacker bisbilhoteira do Canto Esquerdo entrara para a polícia. Sem o irmão e sem poder tomar atitudes significativas quanto aos negócios, seus períodos melancólicos de reflexão se tornaram muito mais frequentes, o que era irônico, já que o que mais sabia fazer era atormentar Tomás por ser uma pessoa tão atormentada.
Como não tinha mais um emprego no Colégio, tampouco algo que se assemelhasse remotamente a um amigo, também não tinha grandes motivos para sair de casa, a não ser para reabastecer o estoque de bebidas alcóolicas, que insistia em esvaziar a uma frequência irritante.
A questão, ela dialogava consigo mesma entre um gole (ou dose?) e outro, era que, graças a Deus, ela tivera uma infância de merda.
Por ter um pai de merda, sintetizador de drogas no além-mundo, que fora preso antes mesmo de que ela se desse conta de que não era órfã de pai como sua amada mãe insistira em mentir até poucos minutos antes de morrer, deixando-a órfã para valer dessa vez -- de pai, e de mãe, já que sua mãe representava os dois papéis em sua vida.
E já que a tinha mencionado, figura em sua coleção de tragédias da infância ser filha de uma mãe solteira que a criara aos trancos e barrancos (muito mais trancos do que barrancos, Cristina criara o hábito de emendar nos próprios pensamentos), trabalhando em condições totalmente insalubres numa fábrica de tingir tecidos, até descobrir um câncer que a levaria desse mundo quando a filha não era nem maior de idade ainda.
A velha fizera seu melhor, mas muitas vezes o melhor não é o suficiente quando se tem uma criança para dar conta sozinha.
Antes tarde do que nunca, para completar a grande coletividade de desajustados que compartilhavam seu sangue, em tempo aparecia seu irmão traficante de drogas e com uma peculiar tendência a se atrair por garotas bem mais novas do que ele, do qual ela só fora saber da existência depois de adulta. Cristina amava Tomás com todas as suas forças, mas isso não significava que às vezes ela não se perguntasse o porquê.
Todo esse cenário de homens sendo babacas e mulheres se digladiando para conseguir manejar desempenhar dois papéis a tornara menos suscetível a ser feita de otária por homens. Por pessoas, em geral.
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Menina Malvada
ChickLitMini-sequência oficial de "Não Confie Nas Boas Meninas". Uma mais profunda, sombria e excitante análise sobre os personagens de Não Confie Nas Boas Meninas. Descubra o que acontece com Alana, Brenda e Silvia após deixar o Colégio, e o destino daquel...