11. ALANA

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Vocês querem romance, arrobas???

Vocês querem romance, arrobas???

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A dificuldade que Alana estava tendo em se lembrar a última vez que se sentira tão mal por conta de outras pessoas só não era mais impressionante que a vergonha que sentia por pular a janela de Silvia como se ainda fossem próximas, se metendo na vida dela em vez de simplesmente, sei lá. Apoiar a decisão dela, para variar.

Não que ainda fossem amigas, não era o caso. Mas a sua nova personalidade, Lola, vivia sob a máxima de não ter com os outros atitudes que não gostariam que tivessem consigo mesma – o que podia ser uma lição muito valiosa para quem sabia aproveitá-la.

Era assim que as tão chamadas Boas Meninas faziam, essa era a base da amizade que um dia tiveram, e Alana sabia que tinha que, pelo menos, ter um pouco de respeito por isso. E como "pelo menos", entenda-se "já que Lola era uma baita de uma egocêntrica do caralho que não se importa com os outros o suficiente para ajudar, que ao menos não atrapalhasse".

Por mais que não fossem mais melhores-amigas-para-sempre, não havia nada de grosseiro entre as duas. Entre Lola e Silvia, pelo menos. A amizade não tinha realmente visto um fim. Cada uma das duas simplesmente escolhera viver uma vida na qual a outra não está incluída, e por obscuro que parecesse, da parte de Alana não fazia a menor falta.

Isso significava que eram inimigas? Não. Se odiavam? Obviamente não. Alana simplesmente não tinha mais a intimidade necessária para dizer o que Silvia devia ou não fazer com a própria vida, em especial se isso envolvia pular uma janela para dizê-la. Acredite, se a pessoa não abriria a porta para ouvir o que você tem a dizer, provavelmente você não deveria estar dizendo.

Era problema dela, ponto final.

Mas que Alana se sentia idiota, ah, se sentia. Não conseguia acreditar que mais uma vez tinha sido feita de peão em algum plano de vingança de Brenda, para satisfazer o próprio ego. Era como se tivesse quinze anos de novo, e Alana já passara dessa fase, mudara de cidade (e de nome) e não queria mais saber de Brenda Belucci, isqueiros e toda aquela isanidade.

Por isso, não se sentia mal por dar as costas e deixá-la falando sozinha na praça.

Caminhava pé ante pé pelas ruas de Aquino, seus mocassins colidindo contra os paralelepípedos ruidosamente. Era quase como se fosse uma garotinha novamente: brigando com suas duas únicas amigas, caminhando solitariamente sem saber para onde iria porque ir para casa explicar seus problemas para seus pais desinteressados certamente só tornaria as coisas piores. Só faltava os suéteres de gatinho e as saias plissadas.

Ah, ela lutou muito pelo rompido desse rótulo que tanto repudiava, para permitir que Brenda o restaurasse da noite para o dia. De forma nenhuma ela seria jogada de volta para o Canto Esquerdo, para a invisibilidade, para a vida oculta que ninguém sabia que ela tinha.

Menina MalvadaOnde histórias criam vida. Descubra agora