28. SILVIA

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Brenda bateu os saltos altos sobre o tapete vermelho, tentando acompanhar o caminhar vigoroso de Alana, que a arrastava para fora da igreja pelo braço

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Brenda bateu os saltos altos sobre o tapete vermelho, tentando acompanhar o caminhar vigoroso de Alana, que a arrastava para fora da igreja pelo braço.

"Nós precisamos dar o fora daqui", Alana conversava consigo mesma, trotando pelos degraus de mármore da entrada da igreja, os saltos finos tremendo com a forma desajeitada como ela se movia.

Brenda a seguia com dificuldade em seu vestido ridiculamente justo e inapropriado para a ocasião. Ela se xingou mentalmente por querer parecer gostosa quando estava indo ao casamento de Silvia com um cara! Por Deus, era óbvio que algo daria errado. Brenda costumava ser mais inteligente que isso. Ela devia ter se vestido para uma rota de fuga, porque a probabilidade de dar merda e ela ter que sair igual uma louca era grande.

"Eu não gosto disso, Brenda, não gosto disso, coisas ruins vão acontecer, isso é... é...", Alana balbuciava, sem fazer muito sentido. Talvez pelo medo patológico que ela sentia de Tomás Barth, ou o medo de ter que explicar toda aquela história complicadíssima ao primeiro cara que despertou sentimentos nela em muito tempo, ou o medo de que Brenda cometesse um ato digno de colocá-la direto no hospício.

"Você pegou meu maçarico?", Brenda questionou, franzindo o cenho quando o sol do dia lá fora atingiu suas retinas. Era mesmo o dia perfeito para um casamento. Também era o dia perfeito para que a justiça fosse finalmente servida, mas ninguém parecia se importar.

"Não."

"Você sabia que Tomás estava aqui?", ela insistiu, desconfiada. Sentia-se nua sem o maçarico. Impotente. Não bastasse o fato de que não era mais a mesma pessoa e não inspirava medo nos outros como antigamente, estava desprovida de sua maior arma contra babacas – o fogo.

Não que andasse na rua para cima e para baixo com instrumentos incendiários no dia-a-dia, mas era de Tomás Lieber Barth que estavam falando.

Só havia uma forma de lidar com ele.

E lá estava ela, se sentindo como Sansão sem cabelos: como se a única coisa que pudesse fazer, todo o seu poder, houvesse sido tirado dela, justo quando Alana parecia à beira de um surto mental.

"Não!"

"Então-", ela se precipitou, mas nunca chegou a completar o que quer que pretendesse dizer. A escuridão caiu sobre seus olhos, e o cheiro acre do éter inundou suas narinas segundos antes de perder completamente a consciência.

Ao que parecia, Alana e Brenda podiam riscar sequestro da breve lista de coisas que faltavam acontecer a elas.



Alana e Brenda recobraram os sentidos aos poucos. Acostumavam-se com o retorno da luz aos seus olhos, enquanto notavam que estavam deitadas sobre um lençol muito branco, as cabeças gentilmente depositadas sobre travesseiros fofos. Pelo teto matizado em gesso, imitando a arquitetura romana, Alana julgou estar em um quarto de hotel, ou na casa de uma pessoa muito rica.

Menina MalvadaOnde histórias criam vida. Descubra agora