17. ALANA

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Já era a quinta ligação seguida de Brenda que o visor do celular de Thales mostrava

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Já era a quinta ligação seguida de Brenda que o visor do celular de Thales mostrava. Estavam havia meia hora parados em um posto de gasolina na saída da cidade do noivo de Silvia, para que Thales abastecesse a droga do carro e eles dessem o fora dali antes que Silvia convencesse os dois a passar o dia todo escolhendo o buquê da noiva.

Só que Thales estava completamente travado, estacionado tal qual seu carro que realmente precisava de combustível, catatônico, encarando a tela do celular como um perfeito idiota. E, a princípio, Alana não se intrometeria porque não era problema dela, mas aquilo estava passando dos limites. Esbarrando no ridículo. Ela doloroso de assistir.

Ela não podia permitir. Foi feita de trouxa por tempo demais, por pessoas demais, e era sua missão nessa vida era fazer com que os trouxas deixassem de ser trouxa a qualquer custo, em honra à sabedoria que lhe foi conferida quando abriu finalmente os olhos para o que estava acontecendo com... aquele lá.

Ademais, ver Thales daquele jeito lhe dava calafrios. Ela já foi essa pessoa. Não fazia nem tanto tempo, e era ela a imbecil encarando um celular, negando a realidade para acreditar em qualquer que fosse a convicção fantasiosa da vez. Thales, por outro lado, não conseguia tomar uma atitude que fosse. Nem desligava o telefone, nem retornava à ligação.

"Me dá aqui esse celular", Alana tirou os óculos do rosto e prendeu sua franja assimétrica com eles, no topo da cabeça. Ela precisava olhá-lo nos olhos. Então, estendeu a mão para o banco do motorista, autoritária. "Você tomou uma decisão, eu não vou deixar você voltar atrás."

"Eu não estou voltando atrás", Thales se defendeu com a verdade. Não estava voltando atrás, nem seguindo em frente. Não havia nada de errado em ficar imóvel; nem tudo na vida tem que ser um progresso ou um retrocesso. "Só estou... curioso. O que a Brenda quer comigo?"

Seus olhos estavam grudados no visor, e sua boca se entreabriu em espanto. Mais uma ligação. Nem Alana já tinha visto Brenda ser tão insistente.

"Você devia estar se preocupando em dar o fora da cidade, isso sim. Qualquer que seja o motivo, provavelmente vai custar a sua cabeça", ela debochou, e ele a encarou com raiva. Alana – ou melhor, Lola – era uma insensível quando se tratava de Brenda, o que fazia dela também uma baita de uma egoísta.

Ríspida, Alana colocou os óculos de volta e meteu a mão na trava da porta. Thales logo se agitou, inseguro ante à possibilidade de ficar sozinho e tomar alguma atitude sem volta, tipo atender o telefone.

"Calma, Thales, eu só vou comprar umas batatinhas", ela fez um gesto impaciente com as mãos. "Eu estou faminta, e se vou ter que esperar você sair do seu estado de transe para me levar de volta a Aquino, preciso comer alguma coisa."

Ela bateu a porta às suas costas, deixando Thales no mesmo estado que estava. Pisoteou o caminho até a loja, entrou, e tirou um energético do freezer, e um pacote de batatinhas penduradas ao lado. Perfeito. Sacou o celular, tirou uma foto rápida, adicionou um filtro pronto, já do próprio aplicativo. #JunkFood. Hashtags em inglês davam mais engajamento.

Menina MalvadaOnde histórias criam vida. Descubra agora