21. BENJAMIN

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Os olhos cinzentos de Lola o espiaram, confusos

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Os olhos cinzentos de Lola o espiaram, confusos. Ela, que já não era a pessoa mais bronzeada que Benjamin já viu, estava ainda mais pálida. Desmaiei-no-posto-de-gasolina pálida. Ela parecia avaliar as circunstâncias nas quais estava inserida, usando a jaqueta dele como cobertor enquanto acordava em uma poltrona detonada de um hospital público em Aquino, com uma agulha na parta interna do cotovelo.

Uma ruga de indagação surgiu em sua testa.

"Você está bem?", ele perguntou, sem se preocupar em deixar sua preocupação transparecer. Embora Lola não fosse capaz de notar, ele se interessava por ela profundamente, a ponto de realmente se preocupar se a garota ficaria desmaiando em locais públicos, qualquer que fosse a razão.

"Não cansa de me perguntar isso?", Lola rebateu, lívida. Olhava nervosamente para a agulha em seu braço, que provavelmente era a única razão por sua ausência de movimentos bruscos no intuito de dar o fora dali.

Ela escaneou o cômodo com os olhos, provavelmente em busca de uma rota de fuga. Não havia. E não é como se ela pudesse gritar com Benjamin na frente de todas aquelas pessoas doentes, ou mandar ele ir se foder (que era o que tinha vontade de fazer).

"A pergunta tem uma conotação diferente, agora que você está internada em um hospital", Ben retrucou com simplicidade. As sardas sobre o nariz pequeno dela se contorciam enquanto ela exalava, e ainda que parecesse completamente furiosa, não deixava de ser adorável para ele. Ela, com suas sobrancelhas finas e queixo sinuoso, pele clara e cabelos escuros que emolduravam seu rosto.

Seus amigos lhe avisaram sobre Lola David. Mimada, superficial, egocêntrica, só se importa com o que as pessoas vão achar dela na internet. Vai topar ir para a cama com você se te achar gostoso o suficiente para te transformar em um conto meio erótico para alimentar sua assim chamada "fama", ou se acha que vai ganhar algo com isso.

No caso de Benjamin, os caras avisaram que ela provavelmente nem olharia para ele se não fosse a câmera pendurada em seu pescoço. Fotos profissionais gratuitas, assim que ela deslizasse a lingerie rendada pelos ombros.

Mas ele gostava de achar que era gostoso o suficiente.

A despeito de todos os avisos, e de sua própria consciência gritando para que ele desse o fora de mais uma garota problema – Deus sabia que ele já tinha lidado com sua cota de garotas-problema nos últimos vinte e dois anos –, ele não conseguia. Era talvez o traço mais intenso de sua personalidade, querer ajudar menininhas problemáticas, que na verdade tinham a vida perfeita e faziam questão de destruir tudo o que tocavam, só para tirá-las do tédio.

Lola se parecia com o seu "tipo", seus amigos comentavam. A garota que se comportava muito mais como um predador do que como uma presa.

Mas ele não a via dessa maneira. Por mais que se esforçasse, e por mais que ela o rejeitasse a não ser que suas intenções fossem unicamente sexuais, ele sabia que era tudo uma encenação.

Menina MalvadaOnde histórias criam vida. Descubra agora