26. ALANA

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"Muito bem, garotas", a organizadora do evento anunciou, retirando o ponto em seu ouvido para falar com os presentes

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"Muito bem, garotas", a organizadora do evento anunciou, retirando o ponto em seu ouvido para falar com os presentes. Era uma mulher mais velha, de baixa estatura, que trajava um vestido preto e esguio. "Em quinze minutos, vou soltar a canção de entrada escolhida pela noiva. As damas de honra e pajens devem entrar depois dos padrinhos. Ao chegar no altar, mulheres para o lado esquerdo e homens para o lado direito."

"Que bom que Thales não pôde vir", Brenda comentou à sua frente, sem se preocupar em falar baixo. "Ele não sabe a diferença entre direita e esquerda."

"Brenda!"

"Ele me traiu e engravidou a garota com quem ele me traiu. Eu estou autorizada a falar merda dele para o resto da minha vida. Mesmo que ele seja seu melhor amigo. Mesmo que seja o melhor amigo da noiva."

Alana deu de ombros, cedendo. Não ia se incomodar em defender Thales. Concluiu que já era uma grande vantagem Brenda não assassinar o garoto ou coisa pior.

Ela analisou Brenda de costas e era como olhar em um espelho e não se reconhecer. O caimento suave de seu vestido de madrinha tinha ares da década de trinta, belamente complementados pelo arranjo de flores em tons alaranjados, corais, que juntavam seus cabelos castanhos na parte de trás da cabeça. Os cabelos dela estavam muito compridos agora, Alana notou. Não devia ir ao salão havia muito tempo. É de se imaginar que os supérfluos, como salão de beleza, teriam sido cortados do orçamento dos Belucci.

Como se Brenda precisasse de salão de beleza para ser, sem dificuldade, a garota mais bonita do cômodo, Silvia que a perdoasse, incluindo a própria noiva.

Mas sua pele estava iluminada e de aspecto saudável, Alana comentou mentalmente. Bastante diferente da Brenda que não via a luz do sol fazia dias de que ela se lembrava. Embora estivesse determinada a conversar com ela e pedir perdão pelo seu comportamento nos últimos tempos, ainda não sabia como faria isso. Não quando meramente estar na presença dela já levava um nó incômodo à sua garganta. Ia ser difícil as palavras saírem através dele.

Brenda a olhou com olhos dúbios. Ela devia estar encarando-a bastante, para que Brenda sentisse seu olhar mesmo de costas. No entanto, não havia irritação em seu semblante, o que fez com que Alana sentisse a garganta imediatamente seca.

Seria mais difícil do que ela tinha antecipado.

Talvez fosse pela situação potencialmente horripilante em que se encontravam, mas Alana torcia para o desconforto na boca de seu estômago não ser o presságio de algo ruim. O casamento de Silvia poderia facilmente ser confundido com um funeral. Com certeza muitas garotas por toda Aquino e região deveriam estar se lamentando pelo desfalque no time. Silvia era uma craque do mundo lésbico, e isso era indiscutível apesar do véu preso em sua nuca e do noivo do outro lado da igreja.

E, certamente, era aquele clima de que os homofóbicos venceram e Silvia não tinha resistido à pressão eu fazia com que nem Brenda nem Alana estivessem com humor para provocar uma à outra. Era uma vantagem deturpada, de certo modo.

Menina MalvadaOnde histórias criam vida. Descubra agora