• Capítulo 16 •

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Quando eu tinha 14 anos "possuía" um porco da Índia de estimação. Certo dia ele morreu sem aviso prévio nem nada. Ele só estava em sua casa quando seu coração parou de funcionar, não chorei, não sofri. Só aceitei que ele merecia o descanso eterno. Todos nós merecemos um dia.

Entretanto, no dia que descobri que não estava mais grávida, fiquei revoltada. Meu bebê não havia desfrutado nada da vida, para merecer o descanso eterno.

Eu queria que naquela noite em que Marcel o matou não existisse dor, choro e sofrimento. Queria que a morte fosse rápida e indolor. Queria que a morte do meu bebê ficasse só naquela noite. Por um momento queria que ele só fosse como aquele porco da Índia e eu não teria que sofrer tanto.

A pior parte é que a morte continua. Todos os dias é como se meu bebê morresse e eu não posso fazer nada para impedir. Eu permiti que Marcel o matasse. Eu permiti que Marcel matasse meu bebê todos os dias durante esses anos.

Eu tive que conviver com o irreal. Não era mais real que havia uma criança no meu ventre, mas eu o sentia. Eu notava o crescimento. Conseguia ver e sentir essas coisas que só eu notava, porque só eu sabia. Eu passei por tudo sozinha até ver que era tudo imaginação. Eu não estava grávida. Meu bebê estava morto. Morrendo todos os dias.

Dói saber que ele não teve a chance de respirar por seus próprios pulmões. Sentir o toque das coisas, sentir cheiros, ver as cores. Ele nem mesmo teve a chance de ter uma cor de cabelo. Saber se seus olhos seriam como os meus. Não teve a chance de escolher viver ou morrer.

O sofrimento parece ter aumentado demasiadamente com a notícia que a família vai crescer. Eu só consigo pensar que a vida é injusta. Klaus não tem responsabilidade, não quer ser pai, não se preocupa com o fato de que terá um bebê para abraçar e cuidar e simplesmente ganha cinco de uma única vez.

E eu que daria tudo de mim para uma nova chance de ter um bebê, não posso. E tenho que conviver com a morte todos os dias e fingir que nada disso me assombra. Que nada disso me faz quer desistir a cada novo dia.

♡♡♡

"Klaus está em Ferrassiéres. Vou tentar cuidar dele enquanto ele não volta.
P.S. Ele fez algum teste de doenças transmitidas em relações sexuais? Estou preocupada"

Escrevo e envio a mensagem para Lírio.

Minutos depois Klaus está no telefone com nossa mãe, escutando um belo sermão que só Marisa sabe dar.

Apoio a cabeça no sofá e me deixo levar pelo sono.

A tarde passou numa lentidão agonizante. Wallace tentou falar comigo durante todo o dia, mas usei a desculpa que estava muito ocupada, enquanto lia um livro, e reclamava com Roger o quão injusta era a vida.

Lavanda - O Amor Mora No Campo. (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora