Dominic on:
- A Lucy é lésbica? - Wtf, anos de amizade, como eu não sabia disso?
- Isso. Ela é. Você e a Valentina são dois tapados. Nunca perceberam?
- Ela nunca contou. - pensei um pouco- agora entendi por que ela nunca tinha nos apresentado ninguém, nenhum dos seus lances.
Ele passou a mão nos cabelos, tirando um cacho que caia nos olhos.
- Mas foi só isso que te deixou surpreso?
Ele deve tá falando do fato dele ser homossexual, mas disso eu já desconfiava. Então foi o que eu falei.
- E agora e você tem a confirmação- Ele disse logo depois - 100% gay.
Eu sorri pra ele. Não sei se o que eu senti foi alívio, ou compreensão, ou finalmente a sensação de eu havia entendido toda a história.
Eu disse pra ele que iria dar uma volta pra procurar a Valentina. Esse sumiço dela estava me deixando preocupado. Ele ergueu as sobrancelhas e falou baixinho.
- Se quer fugir...
Eu não falei nada,me virei e fui procurar minha amiga. Na última festa que fomos, quando a encontrei seu estado não era um dos melhores.
Não achei ela em lugar nenhum. Mas acabei vendo a Lucy no caminho.
- Lucy, Lucy! - Falei gritando por conta da música alta - Você viu a Tina??
Ela pareceu pensar um pouco na sua resposta. Acho que estava um pouco bêbada. Mas me respondeu mesmo assim.
- Eu a vi - disse por fim- Acho que ela tava com seu irmão, Benjamin.
- O quê? Ele veio? - perguntei. Como assim Ben está aqui? Ele deve ter ouvido meus conselhos de hoje mais cedo. Espero que ele esteja tratando a Tina bem.
- É...parece que sim- respondeu - acho que ele gosta dela sabia?
- Eu também acho isso. Mas to preocupado com ela. E se ela tiver bebido demais?
- Nic, a Tina já é bem crescidinha, ela sabe se cuidar. Relaxa um pouco. Vai curtir sua noite - ela pegou no meu ombro - Acho que o Nathan seria uma ótima opção.
Estremeci. Como assim ótima opção? Ela não tá achando que eu...? Não. Não.
Mas também não falo nada, o que dá espaço pra ela continuar a falar.
- Relaxa, é sério.
- Mas ela disse que ia embora comigo. Não sei se quero ficar muito tempo aqui ainda.
- Ah. Se não tiver à vontade pode ir Nic. Ela pode dormir aqui sem problemas.
Fiquei receoso mas ela continuou.
- Os pais dela me amam. E vai ser melhor pra ela.
- Você tem razão Lu. Vou me despedir de algumas pessoas e acho que já vou.
- Okay então. Tchau Nic.
- Tchau Lucy.
Dei um abraço nela, sem me esquecer de desejar um feliz aniversário novamente.
Então fui me despedir de outras pessoas do colégio. Do Leo e da Kriss, por exemplo.
Eu até pensei em ir procurar o Nathan, mas resolvi ir logo para casa. Mandei uma mensagem pra Valentina mesmo sabendo que ela não ia visualizar tão cedo e uma para o Benjamin dizendo pra ele tomar os devidos cuidados com a minha amiga.
Eu tinha colocado o carro um pouco afastado da casa já que não tinha vagas mais próximas.
Só percebi que o lugar era muito escuro quando já estava chegando perto do carro. Não tinha ninguém na rua e até comecei a sentir um pouco de medo, não sei.
Até que escutei uma voz meio distante.
- Menino Dom, me espere.
Acho que não preciso mencionar o nome.
Me virei e o encontrei correndo em minha direção. Quando chegou na minha frente ele colocou as mãos nos joelhos enquanto respirava ofegante.
- Você anda muito rápido - ele disse depois de tomar fôlego- Tem como você me dar carona pra casa? Eu tô sem carro.
- Ah, sem problemas.
Ele sorriu, mostrando suas covinhas rasas. E levantou a cabeça, saindo da sua posição de cansaço.
Os cachos dourados brilharam quando a luz do único poste refletiu neles.
Seus olhos pareciam estrelas no escuro, transmitiam uma luz que chegava a ser reconfortante.
- Nathan, como você soube que era gay? - soltei. Sem pensar. Me arrependendo logo em seguida.
- Então, essa foi uma pergunta que eu não esperava - ele disse meio confuso - Mas acho que foi quando percebi que não era feliz sendo hétero. Eu não me interessava por mulheres Dom. Mas o mais complicado, foi fazer com que minha família aceitasse o meu jeito.
Eu não sei o que pensei no momento, acho que senti pena e imaginei o quão ruim deve ter sido ser rejeitado pela própria família.
- Poxa Nathan, imagino que foda, ter sido negado pela família - eu disse após perceber que ele ficou meio cabisbaixo por remexer nesse assunto.
Ele sorriu fraco e olhou nos meus olhos. Por um instante eu senti que ele podia ver o meu interior de tão profundo o seu olhar.
- Não sinta por isso. Agora eu sei, que passaria por tudo, milhões de vezes, durante todos os dias, se fosse pra saber que eu seria feliz. - ele falou a última frase sorrindo - Dom, agora eu sei que eu sou capaz de amar alguém. Eu descobri o amor e as diferentes formas dele aparecer em nossas vidas.
Ele parecia emocionado. Seus olhos brilhavam mais, só que dessa vez eram de lágrimas. Ele desviou o olhar do meu e abaixou sua cabeça. Enquanto ele continuava olhando pro chão sem mencionar uma palavra, só uma coisa aparecia em minha cabeça.
As palavras do velho Dr.James ressoavam na mente.
Tentar coisas novas...
Tentar coisas novas...
Tentar...
Então, antes de parar pra pensar no que eu estava fazendo, me aproximei de Nathan, ergui seu queixo e depositei um beijo em seus lábios quentes.
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O Amor Em Todas As Cores
Teen FictionA amizade colorida dos jovens Dominic Foster e Valentina Campbell era cheia de idas e vindas, momentos felizes e reviravoltas. Mas nada ficou mais complicado como quando o destino resolveu pregar uma peça na vida de Dominic. Com nome e sobrenome, a...