Dominic on
Eu já sabia que uma hora ia acontecer. Não é de hoje que a Tina vem insistindo com isso...
A gente começa aquela pegação de sempre mas recentemente estamos indo longe demais e não sei se é isso que eu quero.
Não é por falta de interesse nela, eu realmente a acho atraente e bonita. Mas não consigo, sinto que vou travar na hora, as vezes eu sinto uma certa repulsa.
Mas não quero, em hipótese alguma, que ela pense que a culpa é dela, mas não sei como lhe dizer isso. Eu até tentei puxar assunto mas ela passou o resto do dia emburrada enquanto maratonávamos na netflix.
Já faz um tempo que eu e a Tina estamos com isso de amizade colorida, desde os 12 pra ser mais exato. Não é compromisso fixo em que um "pertence" ao outro e blá blá blá, de modo algum, mas sempre gostamos da companhia um do outro, até que em uma das muitas tardes que passamos juntos na nossa infância acabou rolando. A gente ficou uma vez, depois duas, e mais outra, e assim adiante.
Sabemos que talvez seja estranho para algumas pessoas compreender nossa relação, até nos confundem como namorados. Chegaram a dizer que ela tinha até me traído um dia quando ela ficou com um garoto na formatura do fundamental.
Mas, voltando ao presente, em que eu encontro uma Valentina dormindo, babando por sinal, deitada na minha cama. (Toda vez era assim, ela acabava pegando no sono terminava por passar a noite comigo - sem rolar aquilo obviamente). Minha relação com a Tina era algo complicado até para nós mesmos, mas era algo nosso, sabe? É difícil abrir mão mas ao mesmo tempo sinto como se não pudesse evoluir de forma alguma.
Deito do seu lado na cama tomando todo o cuidado para não acordá-la - Não queria vê-la se tornar uma fera por ter a tirado de seu sono - e tivemos uma noite tranquila, pelo menos ela teve já que passei horas em desvaneio pensando na nossa situação, e o medo de onde •aquilo• iria parar me consumia.
°°°
Noutro dia, a Tina saiu cedo da minha casa por ter que sair com o Lucy ou algo assim.
Então me lembrei que tinha psicólogo hoje e corri pra me arrumar antes de perder o horário.
A sala em tons pastéis do Dr.James era reconfortante. Ele me atendia há uns 2 anos e era o único, desde então, que eu realmente percebia a diferença que as consultas exerciam na minha vida.
Como sempre, preferi me sentar na poltrona próxima à sua mesa do que no divã que se localizava mais próximo da janela. Eu o achava muito afastado e melancólico. Preferia a conversa olho no olho.
Começamos a conversa básica, de rendimento escolar e o modo mais eficiente de tentar fazer com que os problemas familiares não interferissem nos meus estudos. Ele me fez repassar uma série de exercícios de meditação e concentração. Até que os 10 últimos minutos da sessão reservados para assuntos gerais chegou e ele me questionou como andava a minha vida.
Eu já sabia o que isso significava. Nessa hora ele queria saber as minhas frustrações da semana, ou algo que eu simplesmente me questiono sem achar respostas e guardo justamente para essa ocasião.
Então contei pra ele, não detalhadamente e apenas de modo superfical, o que estava acontecendo.
Ele me escutou atentamente enquanto eu desabafava sobre os fatos estranhos que estavam me fazendo duvidar de quem eu era.
Depois de um breve instante após eu ter lhe contado, ele inspirou fundo e começou a me questionar sobre alguns fatos. Como, "desde quando isso vem acontecendo" ou até "a frequência dessa minha repulsa".
- Você ainda é jovem demais Dominic - Dr.James se pronunciou após eu responder com cautela sua última pergunta- e sei que já escutou isso dezenas de vezes. Mas precisa realmente entender que talvez isso seja uma fase.
Ele se recostou na cadeira antes de prosseguir.
- Eu trabalho com muitos jovens da sua idade, isso que você está passando pode ser até algo bem comum se visto de fora. Mas não sabemos realmente seus profundos sentimentos. Já passou pela sua cabeça se você realmente ainda quer continuar com esse relacionamento diferente com sua melhor amiga? Ou o quanto isso pode prejudicá-los no futuro quando se verem sem saída, sem alternativas? - Ele suspirou e ficou cada vez mais difícil tentar entender onde ele estava querendo chegar - Como já disse, vocês são jovens e, se quer um conselho, você devia tentar experimentar coisas novas nessa vida. Tentar novos desafios. Não seja comodista. Se algo estiver lhe incomodando, descubra o quê e tente melhorar sua situação. Converse com sua amiga. Vocês talvez só precisem de um diálogo. - Ele disse por fim e pude perceber o quanto eu me sentia grato por ter ele como meu psicólogo. Por mais que não saísse com as respostas das minhas dúvidas na mente, ele me dizia onde procurá-las ou até como para que eu pudesse sentir o prazer de respondê-las sozinho e encarar meus problemas de frente.
Refletindo um pouco, olhei para o meu relógio de pulso e verifiquei a hora. A sessão de 40 minutos havia chegado ao fim. Me despedi do Dr. James e sai pela porta do consultório me sentindo mais revigorado e relaxado.
Entrando no meu carro estacionado, verifiquei meu celular e pude ver as 5 chamadas perdidas da Tina por meu aparelho se encontrar no silencioso.
Retornei uma das chamadas e escutei sua voz empolgada.
Ligação on:
- Me diz por favor que você não almoçou ainda?
- Ainda não. - pude escutar seu suspiro de alívio do outro lado da linha - Por quê?
- Eu to no shopping com a Lu. E a gente vai almoçar adivinha com quem? - ela Não esperou que eu respondesse -Pois é estou prestes a conhecer o tão falado peguete dela. Imaginei que não queria perder essa cena.
- Me espera naquela mesa de sempre. Chego aí em 10 minutos.
Ligação off
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O Amor Em Todas As Cores
Ficțiune adolescențiA amizade colorida dos jovens Dominic Foster e Valentina Campbell era cheia de idas e vindas, momentos felizes e reviravoltas. Mas nada ficou mais complicado como quando o destino resolveu pregar uma peça na vida de Dominic. Com nome e sobrenome, a...