Capítulo 4 - A punição.

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          Antes que a menina continuasse a falar, Ethan apertou mais forte a garganta dela tapando quase que por completo o fluxo de ar que atravessava seu corpo. Ele tinha vontade de matá-la agora por ter dito aquelas palavras, mas ele não podia, não até ter o que queria. Quando o rosto da morena estava mais rubro e com as artérias já inchadas ele a soltou vendo a sobrinha cambalear por causa da falta de oxigenação em seu cérebro e, consequentemente, em seu corpo.

           A garota inalou todo o ar que poderia e se engasgou pela força que fazia com tal procedimento. Um súbito medo de acabar sem oxigênio passou pela cabeça de Kelsey, junto com o pensamento de que ela seria morta pelo próprio tio e de uma forma tão agonizante e principalmente sufocante. A garota tossia enquanto ouvia vagamente o tio dizendo coisas que não pareciam ser o Ethan que Kelsey conheceu. Quem era aquele homem?

           De fato que ambos não eram próximos, caso se viram cinco vezes ao longos dos dezenove anos da menina, fora muito. Kelsey sabia que apesar de seu tio ter um filho — que era lindo — isso não ajudava nada em amolecer seu coração que parecia uma rocha.

           ── Você devia me obedecer, Kelsey. Não quer que as coisas por aqui se tornem mais difíceis, não é mesmo?
Ele arqueou uma das sobrancelhas observando a morena.
           ── E se ainda tem esperança de que alguém vai conseguir te tirar daqui, desista. ── Ethan comentou na expectativa de acabar com qualquer ilusão que a sobrinha pudesse criar.
           ──  Mas tem uma coisa que eu queria muito saber. ── o mais velho continuou a falar empurrando a mais jovem pelo peito até que se chocasse contra a parede mais próxima ── Será que meu irmão daria tudo pra ver a garotinha dele parar de sofrer?

           Crowley perguntou com um sorriso carregado de maldade e sarcasmo, que de tanto, poderia escorrer pelo canto de seus lábios. Ao mesmo tempo  atravessava calmamente o dorso do indicador pela pele macia do rosto da menina que carregava agora um pequeno machucado na bochecha.

           ── Eu sei que meu pai assim que souber onde eu estou, virá me buscar, ele não é tão baixo como você. ── ela se atreve a retrucar e mesmo com a voz falha cuspiu aquelas palavras.

           A verdade era que há muito tempo o louro queria o monopólio de tudo para ele. Tanto do tráfico quanto da empresa de automóveis. Mas seu irmão sempre esteve no caminho e agora, ele tinha encontrado a melhor distração para Japer; havia encontrado uma forma de livrar-se dele de uma vez. Tudo o que precisava era fazer Kelsey sofrer. E mais que isso, fazer o irmão mais velho saber que ela estava sofrendo. Jasper iria se ocupar em tentar encontrar a garota e enquanto isso, Ethan se encarregaria da tarefa de conquistar tudo o que ele julgava que sempre deveria ter sido apenas seu.

           Quando se tratava dos próprios desejos Ethan não tinha misericórdia, remorso, compaixão ou qualquer outro sentimento que se assemelhasse à esses. Os fins sempre justificavam os meios. Nem sempre fora daquela forma, mas o que fez dele um montro, fez-o para sempre.

           Kelsey se recompôs depois de tossir e ter novamente o oxigênio ultrapassando suas narinas e artérias. No entanto, quando ela sentiu o corpo do tio a prensando na parede dura e concretizada teve vontade de o empurrar e se perguntava se ele sentiria dor caso o joelho dela colidisse com o seu  pênis.

           ── Tire essa mão imunda de mim! ── ela rosnou raivosa e bateu na mão do mais velho, a mesma que atravessava o machucado que Connor fizera nela.

           ── Abaixa o tom e não me dê ordens. ── Ethan logo retrucou com a voz mais grave e baixa que o normal, com a mandíbula ainda travada ── Eu coloco minhas mãos onde eu quiser. Você é minha agora, vadia.

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