Capítulo 17 - Elizabeth.

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— Que comovente. — Ethan falou de maneira irônica encaixando as mãos aos bolsos da calça social enquanto se aproximava do irmão e da sobrinha.
— É bom te ver novamente, irmão. Achei que não voltaria tão cedo. — Comentou acerca das viagens de Jasper. — Porque vocês não se sentam? Acho que precisamos fazer negócios.
       Crowley indicou a mesa onde havia cadeiras luxuosas perfeitamente distribuídas ao redor. Em seu rosto estava desenhado um sorriso cínico, sem nenhum humor. Ele estava trocando sua família por alguns sacos de dinheiro e ainda assim conseguia levar a situação com toda a naturalidade do mundo.

Naquele momento, Kelsey desejou ter  uma arma e mesmo sem ter uma mira boa, jurou que acertaria uma bala nos miolos do tio. Ela queria tanto matar aquele homem que os seus pensamentos nunca foram tão cruéis. Enterrar aquele idiota seria um favor para a humanidade.

─ Ninguém aqui quer sentar na mesma sala que você, Ethan. Você é desprezível. ─ Kelsey cuspiu aquelas palavras. Afinal, seu pai estava ali e ele não deixaria aquele verme tocar um dedo em sua menina. Pelo menos era o que ela pensava.

─ Acalme-se querida! Vamos ouvir o que ele tem a nos dizer. ─ Jasper falou aquelas palavras acariciando os braços da filha. Longe de Kelsey, ele era sensato e sabia que estavam em desvantagem ali.

— Devia ouvir o seu pai, criança. Ele é mais esperto que você. — Ethan falou ao sentar-se em uma das cadeiras. — Façam as honras. — Comentou, indicando os outros dois assentos.

A menina e o pai sentaram em uma poltrona lado a lado, enquanto Ethan estava a frente deles. Ela olhava o tio com ódio e sentia vergonha de si mesma. O que faria se seu pai descobrisse que ela tinha ficado nua para aquele homem? Isso era vergonhoso demais para uma menina como ela, alguém que tanto prezava sua pureza e honra.

─ Posso saber que ideia nojenta é essa de sequestrar a minha filha, Ethan? ─ Jasper vociferou, não tinha medo do irmão caçula.

       O loiro, por sua vez, pediu para que uma das criadas os servissem com um pouco de vinho e tamborilou os dedos sobre o vidro da mesa para enfim começar a falar:
— Não foi minha ideia. — Ele deu de ombros ao responder a pergunta do irmão.
— Sua garotinha só estava no lugar errado e no momento errado. Então ela acabou dentro de um dos meus carros e por fim já estava na minha cama.
         Ethan soltou uma curta risada nasal, carregada de cinismo. Queria provocar Jasper, mostrar pra ele que sim, ele machucaria Kelsey caso precisasse.
Kelsey, por sua vez, sentiu suas bochechas adquirirem um tom rubro de pura vergonha. Ela baixou a cabeça imediatamente e sentiu vontade de voar em cima dele e socar aquele rosto até perder as feições.

─ Cama? — Jasper reclamou. — Você, realmente, está insinuando que usou a minha filha como a porra de uma das suas prostitutas? ─ Jasper saltou da poltrona sentindo a raiva irradiar dentro de si.

       Ethan pouco se importou. Suas expressões permaneciam assustadoramente calmas e ele acenou para a criada, como quem dizia para que ela não se acanhasse com o show do irmão e continuasse o trabalho. A mulher então serviu-lhes com um pouco de vinho e Crowley levou a taça aos lábios ingerindo parte do líquido com sabor metálico e suavemente adocicado, sem se preocupar com a urgência da resposta que o irmão exigia.

— Em partes. Mas não se preocupe, irmão,  porque putas eu já tenho aos montes e bem melhores que ela. E o que eu quero, Kelsey não pode me dar. — Comentou. — Você pode.
     Crowley atravessou a ponta da língua pelos lábios antes de voltar a falar.
— Sempre achei um tanto injusto a maior parte da empresa ser sua quando sou eu quem faço ela crescer, então, Jasper... Eu quero que transfira tudo para o meu nome. — Afirmou sem muita expectativa e tamborilou os dedos na mesa outra vez. Jasper era o mais velho, e, por isso, tinha uma porcentagem a mais nos negócios da família. Pelo menos era o que dizia o testamento dos pais deles.

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