Capítulo 18 - Que bondade a sua, titia.

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— A questão não é o que eu vou fazer com ele Kelsey, é o que eu não vou fazer.
Ethan comentou quando já estava detrás do volante e conferia os retrovisores com as íris esverdeadas.
— Quanto tempo acha que seu pai consegue ficar sem comer ou beber? — O loiro falou com certa ironia e deu a partida no carro. — Eu aposto uma semana.

         Kelsey sentiu um aperto no peito. Jasper iria morrer desidratado. Seu nariz ardeu e seus olhos marejaram. Ele realmente estava brincando com a saúde de seu pai? Jasper possuía cinquenta e sete anos, ainda que tivesse uma boa aparência, ele não deixava de ser uma pessoa que precisava de total cuidado.
Hummer então passou a ponta dos dedos indicadores abaixo dos olhos, contendo o choro e riu sarcástica.

─ Não se esquece que você está ficando velho, então eu realmente espero que consiga colocar todo o seu dinheiro no caixão, porque eu vou fazer questão de sumir com cada dólar que deixar para trás.

O discurso melancólico da sobrinha o deixava ainda mais impaciente. Crowley atravessou a mão livre pelos fios loiros e grisalhos da própria cabeça e então virou-se para a mais jovem.

— Chega, Kelsey. — Foi tudo o que ele disse. Estava cansado dos murmúrios da garota, odiava ser interrompido. Na verdade, toda e qualquer pergunta que ele fazia para ela era meramente retórica.
— Eu quero o dinheiro e as ações. — Completou a resposta que devia à menor.
— Mas só vou conseguir quando Jasper não estiver mais aqui pra roubar o que é meu. Então, quando ele morrer, a herança será sua.
Ethan trocou a marcha do carro automático e conferiu os retrovisores, outra vez. antes de voltar a falar.
— Só que como você ainda não é independente, eu sou o seu responsável legal. Então quando você fizer os seus vinte e um, eu me resolvo com você, assim como me resolvi com Jasper. — Ele balançou o pulso esquerdo, ajeitando o relógio Rolex ao braço. — E eu tenho a certeza que, depois de hoje, você não vai se importar de passar tudo para o meu nome.

         A opinião alheia nunca foi um problema para a morena, mas quando essa opinião vinha de Ethan, tudo parecia ser impossível de engolir sem questionar ou discordar. Foi por isso que Kelsey, a todo instante, permaneceu virada para frente e sem resistir algumas vezes à súbita vontade de revirar seus olhos. Se tivesse dito tudo o que pensava, seu pai já estaria morto.

─ Você se acha tão esperto Ethan, mas no fundo, não é. Você não quer a empresa, quer matar meu pai, admite de uma vez. Se o quisesse vivo, saberia que logo mais ele se aposentaria e você teria todo o gerenciamento dos negócios. Mas não, você não quer ele vivo, então me poupe do seus jogos.

— Você tem razão. Não quero ele vivo. Mas enquanto a vida dele estiver sob o meu domínio, a sua também vai estar. Porque você não vai querer ser a culpada pela morte do seu pai, não é mesmo?
Perguntou de maneira retórica, só queria colocar a garota nos eixos.
— E é bom você saber que quanto mais você tentar resistir, mais longa e dolorosa vai ser a morte de Jasper. Além disso, caso tenha planejado qualquer idiotice nessa sua mente inconsequente, o que acontecer comigo, vai acontecer da mesma forma com o seu pai. Meus homens já têm ordem sobre isso. Então eu realmente sugiro que me obedeça, sabe que não tenho paciência pra criança mimada.
Ferrari falou áspero enquanto entrava com a sobrinha para dentro dos portões da grande mansão onde ele vivia com a esposa, seu filho e outrora com o irmão. Kelsey era a única a morar longe da família, já que possuía o próprio apartamento.
       O mais velho manobrou o carro de luxo para o estacionamento até finalmente para-lo. Ethan virou-se para a sobrinha e voltou a falar.

— Sem escândalos. Boca fechada. O que eu disser para Melissa, você vai concordar. — Ele a instruiu e então segurou o queixo da menina com uma das mãos. — Estamos entendidos, boneca?

Ferrari Onde histórias criam vida. Descubra agora