18 - "So if you're lonely, you know I'm here waiting for you..." *

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O Scooper Dooper não tinha tanto movimento desde que faltou luz no verão passado e tivemos que nos livrar de todo o sorvete no freezer, (Pessoas normais + sorvete de graça = anarquia. Quase tive que botar roupa de combate.) Agora, apesar de estarmos entrando no inverno, as multidões estavam ficando maiores e mais frequentes. E trouxeram suas câmeras consigo.

Na primeira hora de trabalho, tirei foto com dois bebês, o rat terrier de alguém, quatro garotas de 10 anos com aparelhos nos dentes, três caras que foram desafiados pelo irmão mais velho de alguém e pelo menos cinco garotas mais ou menos da minha idade e suas mães.

- Dirigimos duas horas para vir até aqui! – uma das mães me disse enquanto se abanava com uma cópia da foto. - Ela - apontou para a filha - leu na internet que você trabalhava aqui e ficou tão entusiasmada para conhecê-la! Este é seu presente de aniversário! Olhei para a garota, que estava corando.

- Mãe! Cala a boca!

- Podemos tirar uma foto?

- Hum, podem, claro - assenti e fiquei de ombro encostado ao lado da garota e dei um sorriso tão grande que meu rosto doeu.

Nós duas estávamos tremendo de nervoso quando o flash estourou.

E, como se isso não fosse suficiente, essas garotas também me trouxeram presentes. Tipo presentes de verdade. Braçadeiras, animais de pelúcia, bolinhas com sino para Bendomolena - alguém deve ter vazado o nome da Bendomolena em algum website ou grupo de discussão ou sei lá o quê - esmalte, biscoitos vegetarianos caseiros etc. Uma garota até trouxe um desenho que fez de mim na aula de artes e que era bem bom.

- Minha mãe - eu disse a ela - vai adorar isso. (E ela adorou. Acabou mandando emoldurar e agora ele está pendurado em seu escritório no trabalho.)

James estava ao fundo em provavelmente metade das fotos, o cabelo caindo por cima do rosto enquanto ele servia e limpava as superfícies e em geral fazia todo o trabalho. Entre uma foto e outra, eu me abaixava atrás do balcão e enchia os porta-guardanapos, desesperada para evitar todas pessoas que ficavam passando na frente da loja e olhando.

- Então, o que aconteceu? - James perguntou enquanto eu enfiava um bolo de guardanapos em um suporte.

- Com o quê?

- Do lado de fora da sala do diretor.

- Ah, isso.

- Você foi suspens... ah, droga - ele derrubou uma bola de Barril de Refrigerante no chão e eu lhe passei alguns guardanapos. - Valeu. Você foi suspensa?

- Não. Mas saca só. Preciso fazer todos os meus trabalhos na diretoria. Não tenho mais permissão para assistir às aulas.

- Sério? - James se ajoelhou e tentou enxugar a bagunça. - É tipo confinamento na solitária?

- Sei lá. Acho que sim. Estou perturbando o processo de aprendizado de todo mundo ou eles estão perturbando o meu. Tanto faz.

- Isso é bem idiota.

- Obrigada! - Só uma vez, alguém estava do meu lado. - Eles bem que podiam começar a bordar um A vermelho em todas as minhas camisas.

James sorriu. Seus olhos ficavam todos enrugados nos cantos quando ele sorria de verdade. Quando estava dando seu sorriso falso-para-o-cliente, só sua boca se mexia. Como eu disse, sou uma pessoa observadora.

- Ou F - ele disse.

- F?

- Você sabe. De "famosa"?

- Não sou famosa - falei, rápido demais para ser convincente.

Houve uma pausa por um minuto. Os guardanapos estavam frouxos na minha mão.

A musica que mudou minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora