26 - "By protecting my heart truly, I got lost in the sounds..." *

118 6 1
                                    

A manhã seguinte só trouxe mau humor e raiva mal direcionada, que não são os melhores sentimentos para se ter depois de um primeiro encontro. Dormi supermal naquela noite, com paparazzi e flashes de câmeras se escondendo na minha cabeça, estourando todas as vezes que eu fechava os olhos. A julgar pela aparência dos meus pais na manhã seguinte, eles dormiram tanto quanto eu.

- Quer comer alguma coisa? - minha mãe me perguntou. - Talvez ovos, sei lá? - eu podia ver que ela se sentia mal por mim, já que a nossa família sempre teve uma postura independente em relação ao café da manhã. Eu botava sozinha inha o cereal na tigela desde que tinha 3 anos e descobri como escalar as prateleiras da despensa. Ovos poderiam muito bem ser um costume estrangeiro, no que dizia respeito a comê-los no café da manhã.

- Eu como a caminho do colégio - falei para ela. O tempo do lado de fora estava cinza e nublado, um clima totalmente lastimável e eu peguei a caixa inteira de cereais e uma banana. - Procure amanhã no jornal fotos minhas comendo direto da caixa - eu lhe disse. – Tenho certeza de que vão ser superlindas.

- Querida, não pode deixar que isso...

- Mãe - parei no meio do caminho e me virei. – Eu não. Quero falar. Sobre isso.

Ela respirou fundo e eu podia ver que estava decidindo se devia ou não forçar o assunto.

- Está bem - ela finalmente falou. - Tenha um bom dia na escola.

- Que parte? A parte em que eu fico presa na secretaria sem ninguém com quem conversar o dia inteiro? Tenho certeza de que isso vai ser especialmente supimpa. Ou talvez quando todo mundo começar a perguntar sobre mim e James e tentar conseguir informações para dar para os repórteres. Isso pode ser um belo ponto alto. E saí antes de poder ver que a havia magoado.

Tenho certeza de que eu parecia meio louca, entrando na escola com passos pesados e segurando uma caixa de cereais enfiada debaixo do braço, meu cabelo voando para todos os lados e bolsas inchadas debaixo dos olhos. Havia uma nova faixa estendida pelo teto do corredor principal, bem na direção do meu armário, e eu torci o pescoço para ler. AUDREY, ESPERE! ESTÁ EM 10°!, dizia. VAMOS LEVÁ-LA PARA O 1°! PARA A FRENTE, DO-GOODERS!

- Ei, superstar - alguém disse para mim e eu mostrei o dedo médio sem nem olhar para ver quem havia falado.

- Ei, Aud, eu estou brincando. Espere aí, eu estava brincando! Olhei por cima do ombro e vi Jonah correndo para me alcançar.

- Eu juro, só estava brincando - ele disse de novo, assim que estava perto o suficiente. - Não me mate.

- Ah, meu Deus, me desculpe - suspirei. - Só estou no pior dos humores, Jonah.

- É, eu soube do seu encontro ontem à noite.

- Quem contou?

- Victoria. Quem mais?

- Mas eu ainda nem falei com ela sobre isso!

- Ela viu as fotos online.

- Ela está aqui?

- Está, ela está em algum lugar - Jonah olhou pelo corredor. - Vai encontrar você, tenho certeza. Está toda entusiasmada com algum negócio de reality show? Eu realmente não sei do que ela está falando.

- Considere-se com sorte.

- Você vai participar de um reality show?

- Você assistiria, se eu participasse?

- Eu gravaria essa merda no TiVo, com certeza – ele cutucou o meu ombro. - Então, cadê o seu novo namorado?

- Provavelmente se escondendo em algum lugar para me evitar - apesar de todas as afirmativas de James na noite anterior, eu ainda achava que nosso primeiro encontro havia sido dickensoniano demais com o seu drama "foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos". E, para ser sincera, não era esse tipo de animação que eu estava procurando. Eu estava esperando animação de freezer de sorvete, se é que vocês me entendem. Ou até mesmo só uma conversa onde não fôssemos interrompidos por uma câmera.

A musica que mudou minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora