32 - "There are angels in your angles..." *

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Liguei para o James quando cheguei em casa.

- Pode vir para cá? - falei depois que ele atendeu. Considerei um bom sinal ele ainda atender depois de ver o identificador de chamadas. - Por favor?

- Acho que o Pierce está trabalhando - a voz do James não estava totalmente indiferente, mas também não era a voz de alguém superansioso para me ver.

- Bem, a que horas ele chega em casa?

- Acho que às 17 horas? Vou mandar uma mensagem de texto para ele e ligo para você de volta.

Acabou que o Pierce saía às 16h30 e James estava na minha casa às 17 horas. Eu teria ido à casa dele num piscar de olhos, mas estava paranoica demais que os paparazzi aparecessem e infestassem seu beco sem saída.

As fotos dele comigo depois do nosso primeiro encontro haviam sido publicadas na People da semana passada acompanhadas de uma sinopse que dizia: "Quem está de braços dados com a sereia favorita do rock? Audrey Cuttler sai da RPM Discos com seu novo namorado não identificado, que os boatos dizem ser músico." O que era totalmente mentira, é claro. Tanto James quanto eu estávamos de cabeça abaixada na foto e ele estava bem atrás de mim.

- Dá para ver o meu sapato! - minha mãe disse quando viu a foto e, com certeza, seu tênis branco sujo estava no canto. A mãe do James aparentemente havia mandado uma cópia para os avós dele no Oregon.

- Ela costumava mandar cópias dos boletins e, tipo, fotos da Liga Mirim de beisebol. - James suspirou quando descobriu.

Mas nada disso estava na minha cabeça agora. Eu só queria pedir desculpas a ele e resolver tudo, fazer voltar a ser como era antes.

Então é claro que atendi a porta usando um anel feito de papel laminado em volta da cabeça.

- O que é isso? - James falou depois de ter corrido para dentro e Pierce saiu cantando pneu da entrada da nossa garagem. Ele bateu de leve com um dedo no meu projeto de trabalhos manuais. - Está tentando atrair alienígenas?

- Não, eles provavelmente já ouviram falar de mim. Mas isso - acrescentei com um gesto em direção à minha cabeça - é a minha auréola.

- A sua o quê?

- A minha auréola. Deve ter percebido que ela estava faltando mais cedo. Mas boas notícias! Eu a encontrei! E estava bem ao lado de um grande pedido de desculpas para você.

Eu podia ver que ele estava tentando não rir, o que era exatamente o que eu queria que ele fizesse.

- Um grande pedido de desculpas? - ele perguntou. - Ou um enorme?

- Gigantesco. Elefantino.

- Elefan... o quê?

- Palavra de pré-vestibular. Mas não me interrompa! - eu me aproximei silenciosamente dele e passei os braços em volta da sua cintura, pressionando meu rosto contra o jeans frio da sua jaqueta. - Me desculpe - falei para ele. - Eu estava maluca. Fui a Garota do Drama.

Depois de um segundo, os braços dele me envolveram.

- É, você foi bem agressiva.

- Bem, odeio Sharon Eggleston, mas também comi sete bengalas de açúcar hoje - falei como explicação.

- Guardou alguma para mim?

Enfiei a mão no bolso e puxei uma minibengala de açúcar, uma que eu realmente estava guardando só para ele.

- Tome - falei e a enfiei no topo do casaco, de forma que ela ficava saindo por cima do zíper. Ele prontamente a puxou para fora, rasgou o invólucro e a jogou dentro da boca. – Devia haver mais - eu disse a ele - mas fiquei com fome.

- Tudo bem. Esta aqui já está bom.

Ficamos juntos por um minuto, respirando de forma que nossos tórax subiam e desciam ao mesmo tempo.

- Audrey - ele disse finalmente -, não deixe a Sharon criar isso tudo, está bem? Só... não compre a provocação. Por favor.

- Eu sei. Mencionei que sinto muito?

- É, mencionou. E eu também sinto. Não devia tê-la carregado pelo corredor daquele jeito.

- Não, provavelmente você devia. Eu estava prestes a arrancar os olhos da Sharon fora. E foi muito Rei dos Garanhões da sua parte.

- Sério? - eu sabia que ele estava sorrindo. – Posso contar ao Pierce que você disse isso?

- Não, porque aí ele vai contar a alguém e aí eles vão contar a alguém e vai estar online e nas colunas de fofocas na noite de Natal.

- Está bem. E juro que não me sinto de forma nenhuma atraído pela Sharon Eggleston. Nem um pouco. Nunca. Ela é muito... só muito. Muito muito. E ela provavelmente não coleciona canhotos de ingressos de shows.

- Ou pulseirinhas de esperar na fila para entrar na pista dos shows - concordei. - E ela provavelmente tem todos os CDs do Creed.

Eu podia ouvir o estrondo da risada do James contra meu ouvido e apertei meus braços em volta da cintura dele.

- Me desculpe - falei para ele de novo.

Ele deu uns tapinhas na minha auréola, tirou-a da minha cabeça e a colocou na sua.

- O que acha? Demais? Está destoando da minha roupa?

- Acho que combina perfeitamente com jeans sujos.

Ele sorriu e se inclinou para baixo para me beijar, um perfeito momento hortelã.

- Eu te amo com ou sem auréola, Audrey. Espereumminuto.

Ele me ama? Ele me ama? Ele? Me ama?

ELE ME AMA! O JAMES DISSE QUE ME AMA! Isso precisava de confirmação.

- Hum, não quero fazer com que isso seja constrangedor ou deixá-lo muito, muito sem graça, mas você disse que me ama? - retorci as mãos na bainha do suéter dele, nossos lábios a uns cinco centímetros de distância.

- Bem, é, quer dizer... é, eu amo. Eu meio que sempre amei.

- Eu também te amo - falei para ele e me senti como se estivesse a mil por hora e parada no lugar ao mesmo tempo. - Eu te amo. Você é incrível. Fico tão feliz por ter começado a trabalhar no Scooper Dooper, porque valeu tanto a pena.

- Mesmo depois que tivemos aquela falta de luz no verão passado?

- Mesmo - fiquei na ponta dos pés para beijá-lo novamente.

- Podemos nunca mais brigar?

- Feito - ele mal interrompeu o beijo tempo suficiente para falar e foi assim que a Bendomolena nos encontrou, de pé no hall de entrada às escuras, compartilhando uma auréola de papel laminado que juntava nossos corações.

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