Em breve... Brincando de ser Feliz

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Prólogo

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O céu estava com um azul peculiar. O sol brilhava com mais intensidade. O vento acariciava nossas peles. O som dos pássaros era como música aos nossos ouvidos. A aura que nos cercava era leve. Eu me sentia nas nuvens, chegava a não acreditar que me casaria. Aconteceu muito rápido, com uma intensidade inexplicável. Tudo com ele é intenso. Mike, meu Mike! Sempre que eu pensava em meu futuro marido eu suspirava. Uma loucura de amor.

Escolhemos uma fazenda, numa cidade vizinha, para a realização de um sonho dos meus pais: meus bebês, assim eles nos considera. Somos raspas do tacho, eu e o Afonso, meu irmão gêmeo. Nossos pais têm idade para serem nossos avós, porém, não nos incomodamos. Tratam-me como um cristalzinho, já não acontece o mesmo com o Afonso e nunca entendi o porquê.

— Melissa — chamou minha tia, irmã da minha mãe, que considero como irmã. Inclusive a chamo de tata.

Quinze anos mais velha do que nós, sempre morou na casa dos meus pais. Ela quem ajudou a nos criar. Quase não tem vida social, nunca a vi com namorado. Sua vida é cuidar de nós e da casa. Quem olha de fora pensa que é a empregada. Assim como o Afonso, não se dá bem com o papai. Nem nas refeições ela senta-se conosco.

— Oi tata — respondi indo ao seu encontro, na sala no enorme casarão que alugamos para realizar o matrimônio.

— Querida, precisa subir para os últimos ajustes no vestido, vamos lá? — Entrelaçamos os braços e fomos subindo as escadas largas. — Está feliz? — Concordei com um sorriso sincero. — É tudo o que eu quero nessa vida, vê-los felizes: você e o seu irmão.

— E você, doninha? — inquiri, parando um degrau acima para encará-la.

— Não importa — murmurou e baixou o olhar.


Feito os últimos ajustes no vestido, acertado com o cabelereiro e o maquiador, como faríamos no dia seguinte, nos juntamos aos demais. A maioria das pessoas chegou à fazenda um dia antes, outras estavam vindo aos poucos.

— Melissa, seu telefone está tocando, lá em cima — comunicou tata. Voltei correndo ao quarto, peguei o aparelho e abri um sorriso, assim que vi o nome do meu irmão no visor.

A ligação que temos é muito forte, desde pequenos fazemos tudo juntos. Não sei o que eu faria sem o Afonso. De nós dois ele é a razão, o que me faz colocar os pés no chão.

Nas minhas escapulidas, ele quem me alertava e, quando necessário, me acobertava com o papai. Para o nosso pai, eu continuo sendo o seu bebê, passe o tempo que for ele não consegue enxergar que cresci. Por isso, o pouco tempo de namoro, jamais ele admitiria que um roqueiro, de cabelos compridos, cheio de tatuagens e com uma barba espessa, "bulinasse" com o seu cristalzinho.

— Cadê você? Deveria estar aqui faz tempo, Afonso — atendi repreendendo-o. Inadmissível ele não ter vindo conosco. Preferiu vir em seu carro, com sua nova namorada. A rixa que tem com o nosso pai tem aumentado.

— Melissa... — iniciou a nova garota do Afonso. — Precisa vir para cá, sofremos um acidente.

Paralisei. Um vento passou por mim, fazendo-me estremecer. A boca secou e não conseguia assimilar direito o que ela tinha dito.

— Como assim? — respondi, sentindo o lábio inferior dormente.

— Quer te ver, só chama por você — hesitou —, batemos de frente com outro carro. — Respirou fundo — Pode vir logo?

***

Não sei como enxerguei os corredores do hospital. Entrei num rompante, empurrando quem tentava me parar.

— Onde ele está? — gritei para uma enfermeira que arriscava me acalmar. Quando botei os olhos nele, desabei. O rosto completamente desfigurado. Cabeça enfaixada. Tubos enfiados por todo o seu corpo. Do lado de fora da UTI, pelo vidro, podia ouvir sua respiração difícil. — Preciso entrar, por favor — pedi, segurando as mãos da enfermeira. As lágrimas me impediam de enxergar direito. Ela acenou e me entregou uma roupa especial, me levando até ele.

Ao lado da cama, peguei em sua mão, gelada e escoriada, e a apertei de leve. Não sabia se ele me sentia. O que garantia que estava vivo era o bipe do aparelho ligado a ele. Inclinei o corpo e encostei meus lábios entreabertos em sua testa.

— Não se atreva a fazer isso comigo — balbuciei. Um soluço escapou do meu peito. Seus olhos se entreabriram e ele ofereceu meio sorriso. Apertando minha mão, tentava falar. — Estou aqui maninho, vai dar tudo certo — garanti com a boca colada ao seu ouvido.

— Me... — murmurou com dificuldade.

— Shiiiii... Quietinho, hoje eu sou a parte forte aqui. Contente-se com isso — disse entre lágrimas, descontraindo.

— Eles... não... são... nossos... pais — falou pausadamente e engoliu a saliva, com a mesma dificuldade de se expressar. Franzi o cenho e o fitei – séria. Coloquei a mão em sua testa e verifiquei a temperatura, com toda a certeza estava delirando. Impossível o que ele dizia. Neguei e tentei repreendê-lo. — Renan... Mike... pergunte... a... ele...

Mal terminou de falar e o bipe do aparelho disparou. Corri até a porta e comecei a gritar pela enfermeira. Duas delas vieram correndo, acompanhadas de um médico. Um alvoroço. Desfibrilador. Uma, duas, três... Até se ouvir um piiiiiiiiiiiiiiiiii.

— Nãooooooooooooooooo! Minha metade... Vocês não podem arrancar ele de mim — gritei me debatendo! 

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Segundo livro da série Reencontros: Brincando de ser Feliz.

Vocês já tiveram uma palhinha dos protagonistas, no primeiro livro da série: Não posso ficar. Agora, vamos embarcar na história intensa desse casal.

Em breve, estarei publicando às segundas e quintas. 

Conto com vocês!

Beijokas ♡ ♡ ♡

Não Posso Ficar |DEGUSTAÇÃO|Onde histórias criam vida. Descubra agora