Vagalumes

Capítulo 3

"Se alguém esteve aqui antes de mim, esse alguém pode saber de alguma coisa...
Mas bem no fundo, eu duvido que esse alguém ainda esteja vivo."

Tem algo escrito aqui.
Então passo minha mão sobre as marcas.
Estou tão perto que posso ver.
Mesmo que não muito, eu posso.
E forço a vista.
Meus olhos doem.
Mas eu não recuo.
Estou com tanto medo.
Meu coração acelera.
E meus dedos tremem.
"Não a escute. Não a encare"
Por um momento, meu coração para.
Eu não sei quem é ela.
Eu não sei quem é ela que a mensagem me alerta.
Eu estou com mais medo.
Eu estou com muito mais medo.
Ela.
Eu não sei quem é ela.
E não sei se eu quero saber.
Forço mais meus olhos.
E vejo,
Sangue.
Uma mancha pegando da beira da mensagem.
Até o chão.
Céus, o que aconteceu aqui?
O que ela quer comigo?
Eu não posso escuta-la.
Eu não posso encara-la.
Minhas pernas fraquejam.
E meus joelhos atingem o chão.
Com tanta força.
A dor se espalha para todo meu corpo.
E eu grito.
Não sei se deveria.
Mas eu preciso.
Grito tão alto que escuto-o ecoar por todo o lugar.
Estou chorando.
Minhas lágrimas nervosas atingem ao chão.
E me forço a respirar entre um soluço e outro.
Dói respirar.
Dói viver.
Dói eu não saber se vou estar viva daqui a alguns minutos.
Ela pode me matar.
É como se fosse.
Me encolho.
Puxando minhas pernas até meus seios, abraço-as.
E me junto ao canto.
Os lugares onde as farpas perfuraram...
Doem.
E eu percebo que minha blusa está suja de sangue.
Meu sangue.
Eu não quero morrer.
Mas eu não posso fazer nada na situação em que me encontro.
E o tempo passa.
Tempo que eu não contei.
Horas, eu acho.
E, contra minha vontade, meus olhos começam a fechar.
Sem que eu perceba.
Sou lançada a um breu mais profundo do que o que eu observava antes.