Vagalumes

Capítulo 13

"Eu não queria acreditar. Não, eu não queria.
Eu queria que tudo não passasse de um sonho, queria que ela existisse só na minha cabeça
Eu queria que quando eu abrisse os olhos... Eu estivesse... Em casa."

Ela está aqui.
Eu meu reflexo.
Eu a vejo.
Não eu.
Ela.
Ela está aqui.
Na minha sombra.
Ela se esconde em mim.
Eu estou com medo.
Eu quero correr.
Mas estou fraca novamente.
Tão fraca.
Não consigo me por de pé.
Eu não consigo.
Não consigo lembrar como anda.
Ela apagou isso de mim.
Ela apagou.
Ela apagou.
Eu não me vejo no reflexo.
Tenho certeza de que não sou eu.
Não sou.
Não sou.
Não sou.
É ela.
Seus cabelos negros estão no lugar dos meus castanhos.
E seus olhos perolados estão no lugar dos meus.
Não sou eu.
Não sou eu.
Não sou.
Minha pele não é clara assim.
Não é.
Eu não quero que seja.
Estou com medo.
Muito medo.
Mas aquilo que está no espelho não sou eu.
Não sou eu.
Meus olhos estão lacrimejando.
Eu não consigo me mover.
Não, eu não consigo.
Eu quero fugir.
Eu quero ir embora.
Mas sequer consigo mexer minhas mãos.
Eu não consigo.
Eu não consigo.
Respirar está difícil.
E dói.
Todo o meu corpo está doendo.
E tudo está se tornando mais escuro.
Meus olhos se dirigem para o topo de sua cabeça.
Sua.
Não minha.
E fitam veementemente seus chifres.
Estou tremendo.
E suando.
Eu quero correr.
E percebo que ela está sorrindo.
Mas eu não vejo.
Eu sinto.
Minha visão está turva.
Mas eu sei que ela está sorrindo.
Eu estou desesperada.
Eu estou com medo.
Eu quero ir para casa.
Sinto minhas forças voltando.
E indo novamente.
Sinto a dor aguda.
E sinto minhas costas serem arranhadas.
Sinto as garras trilhando minha pele.
E ferindo-a com tanta força.
Tanta força.
Eu mordo meu lábio inferior.
E grito.
Tão alto.
Tão alto.
E o reflexo volta a ser o meu.
Eu urro.
E me curvo por tanta dor.
Tanta dor.
Que sou forçada a fitar novamente meus olhos.
Então o calor some.
Meu corpo gela.
E eu percebo.
Eu Percebo que os olhos dela ainda estão aqui.