Passo número 4 - Inicie uma amizade

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Eu nunca fui muito fã de surpresas, talvez pelos motivos errados

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Eu nunca fui muito fã de surpresas, talvez pelos motivos errados. Em meu décimo primeiro aniversário, meus pais disseram que eu receberia uma das surpresas mais legais do mundo. Eles me compraram algumas revistas dos Jonas Brothers, minha maior paixão durante a infância, para que eu fizesse uma colagem em minha parede com tudo o que encontrasse sobre eles. Era um presente e tanto, se quer saber, ainda mais levando em conta nossa condição financeira. E eu amei, realmente amei, só que aconteceu algo não muito agradável. Tive minha primeira cólica, se é que me entende, sem saber muito bem o que isso significava porque nunca se preocuparam em me contar isso, uma vez que a pediatra afirmava com veemência que eu não ficaria "mocinha" antes dos 13 anos. Fiquei na cama com dor 2/3 daquele dia. Em meu décimo segundo aniversário ganhei uma notícia desestabilizadora: meus pais iam se separar. Bem, eles não me disseram isso diretamente, mas eu ouvi quando estavam tomando a decisão. Isso tirou meu chão. Ainda assim, mantive as aparências até que eles me contassem oficialmente, uma semana depois. E como nunca houve mentiras entre nós, contei a eles que já sabia. Os próximos meses foram difíceis. Então, um tempo depois, não em um aniversário, mas com 15 anos, meu primeiro beijo foi eternamente arruinado quando o garoto disse ter uma "surpresa" para mim no outro dia e não pode cumpri-la, pois estava já aos beijos com uma outra garota, no meio do corredor da escola. Na verdade, nem sei se ele tinha de fato uma surpresa, ou se a surpresa era justamente o beijo com a outra menina. Se a resposta para a minha pergunta for a segunda opção, então ele é um cara muito sem coração e queria me fazer sofrer. Não sei a resposta, de verdade, pois nunca mais nos falamos. Aliás, fui para outra escola depois. Conveniente? Talvez, mas eu não conseguiria estudar tendo aqueles dois no mesmo lugar que eu, não quando ela ficava me provocando. E, acredite, ela provocava todos os dias, mesmo que eu nunca tenha respondido.

De qualquer forma, eu nunca fui muito fã de surpresas. Devem imaginar então como estava apreensiva com o que quer que Edmund estivesse disposto a me mostrar. Mas segui com ele, por pura educação. Ele não é uma pessoa muito comunicativa. Parece se perder facilmente em seus pensamentos, assim como eu acabei me perdendo nos meus. Ele sorria enquanto caminhava comigo, quase como se fosse uma criança prestes a mostrar seu melhor desenho para os pais. A animação dele me contagiou e meus pensamentos mudaram de rumo. Ele abraçava o próprio corpo e estalava seus dedos, em um ritmo que lembrava muito uma música, eu só não fazia ideia de qual. Uma pessoa animada assim deveria reservar algo no mínimo peculiar para apresentar. Isso me fez pensar em meus pais, nas diversas surpresas que deram errado no início, mas que acabaram me fazendo sorrir. Um dia depois de completar 11 anos, meus pais me fizeram sentar no chão de meu quarto, junto a eles, e escolhemos todos os recortes que ficariam melhores em minha parede. Rimos muito enquanto meu pai tentava imitar os Jonas e mamãe me perguntava se eu queria casar com algum deles. A resposta sempre foi não, pois eu os imaginava como meus irmãos também, uma vez que me ensinaram várias coisas com suas músicas. É uma das melhores memórias que tenho com eles; a parede continua repleta com nossos recortes. E sobre a separação deles, depois de papai alugar um apartamento e tudo o mais, eles decidiram continuar sendo amigos, pois, mesmo que o relacionamento amoroso não tivesse dado certo, eles eram melhores amigos. E, se quer saber, deu muito certo. Meus pais ficaram melhores separados do que casados, pois antes da separação eles brigavam muito. Quando tudo foi resolvido, saímos diversas vezes juntos e ainda tivemos vários finais de semana animados em minha casa. Não precisei ficar um tempo com um e depois com o outro, pois sempre estavámos juntos. Tanto é que não conseguiria voltar a sorrir tão rápido depois do que aquele garoto fez se meus pais não tivessem me apoiado. Os dois são o motivo de eu sentir falta do Brasil, mas o único motivo. Quando me formar, pretendo ir com eles para a Inglaterra e por lá ficar.

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