Passo número 6 - Abra seu coração (Parte 1)

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Eu sempre achei a história de amor de Elizabeth e Philip um tanto quanto obscura. Detalhes estavam sempre ocultos, diferente do que parecia acontecer com Harry e Meghan, ou até mesmo diferente do que aconteceu com William e Kate. Talvez pela diferença que o tempo impunha naquelas pessoas, talvez por coisas ainda mais intensas. É claro que era romântico o fato de a aliança (ou anel de noivado, se preferir) ter sido feita com os diamantes de uma das tiaras da mãe de Philip. Há maior prova de amor que essa na realeza? Talvez não. Mas, por outro lado, era difícil ver com bons olhos um homem que ficou bravo com a esposa por decidir manter o nome da família como rainha. Era direito dela, afinal! E, ainda assim, sinto um pouco de dó de Philip. Ele teve que deixar sua vida no exército para acompanhar Elizabeth, então seu amor por ela pode ser realmente muito forte.

Sempre focamos muito em Elizabeth ao falar do casal, mas aprendi a dar espaço a Philip após anos de pesquisas. Dizem que ele é, no fundo, muito bem humorado e tem o jeito de um verdadeiro homem de sua época. No entanto, o que mais ouço sobre ele está sempre entrelaçado a Elizabeth. É um consenso entre as pessoas envolvidas com a realeza que o relacionamento deles funciona muito bem. Ela, com seu profissionalismo indiscutível, é fria como um iceberg e fala pouco; ele é falastrão e mais extrovertido, embora as declarações classistas e seu racismo velado coloquem essa característica em xeque.

E, apesar disso tudo, espalharam-se diversos boatos de traição, nunca sobre Elizabeth. Philip, ao que indicam alguns documentários e matérias de revistas, traiu Elizabeth em diversos episódios. Uma viagem com uma mulher misteriosa em um iate, noites em uma discoteca em Soho, e até mesmo um possível relacionamento com uma atriz. Nada confirmado e nada que tomo como verdade absoluta, pois não consegui obter nenhuma prova. Ainda assim, o relacionamento dos dois me parece muito conturbado.

E por que eu estou dizendo isso? Primeiro porque The Crown me deixou mais confusa quanto a isso. Segundo porque, mesmo sem saber o que aconteceria entre mim e Ed, ou o que sentíamos, minha mente não se privou de pensar em coisas estranhas. A coisa estranha da vez era: seria Edmund meu Philip? Ou éramos ambos incapazes de ser Elizabeth?

Não sei ao certo.

— Não acredito que estamos assistindo The Crown em plena quarta-feira, embolados em cobertores em um mesmo sofá. — Meu melhor amigo brincou, seu tom repleto de diversão.

— Sempre há tempo para assistir The Crown. — Ed comentou, fazendo-me sorrir feito uma pateta. Ele estava realmente gostando de assistir minha série favorita, tanto que comentava suas opiniões todas as vezes em que me encontrava pelos corredores e territórios externos da universidade.

— Não é possível que ele seja tão idiota! — Nick resmungou, apontando com fúria para o personagem que Matt Smith incorporara. — Ele não tem muita ação como marido da Elizabeth!

— Eu também não teria coragem de brigar com uma mulher extraordinária como Elizabeth. — Ed sorriu ao mencionar a rainha da Inglaterra. — Ela faz tudo praticamente sozinha, com muita pressão externa e calma. A vida na realeza é uma desgraça e ela faz parecer não tão ruim.

— Ainda assim, não sei como ela não se separou desse cara! — Nick tacou uma almofada no chão.

— Eu tenho dó dele às vezes, principalmente quando ela precisa o fazer estar abaixo dela. Eu seria uma mulher e um marido infeliz se precisasse ficar atrás do meu parceiro. Deveria haver igualdade entre o casal, mesmo que um dos dois seja da realeza e o outro não. — E talvez eu tenha pena dele por ter a imagem de Matt Smith em mente toda vez que alguém diz "Philip". Quando me pronunciei, Edmund olhou para mim, os olhos tomados por sua curiosidade genuína.

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