Data: 09 de Maio de 2017
Não lembro de anotar sobre minha doença neste diário, mas acredito ser uma boa hora para fazer isso.
Quando eu era mais novo, o médico avisou a minha família que eu tenho predestinação a esquizofrenia e consequentemente uma inclinação a ter alucinações. Recentemente descobri que eu tenho um tumor cerebral, e que só me restariam alguns dias de vida.
Eu tenho tido muitas alucinações desde aquele dia, meu corpo está ficando mais cansado a cada dia, eu sonho com ela, e me arrependo a cada dia de ter vivido desta forma.
Eu não gosto de pensar na morte, a ideia de morrer, de ser abandonado no vazio é sempre assustadora, meu coração acelera, uma aflição enorme atinge meu corpo, eu não quero morrer, nem ao menos pensar na ideia de morrer.
Desde minha adolescência minha vida se resumiu aos amores que encontrei ao longo da minha jornada, Laura, Andréia, Luiza, Carolina, Juliana, todos nomes de amores que até hoje ainda ecoam dentro de mim.
Laura era linda, tinha olhos verdes, um cabelo liso moreno, seu sorriso era uma das coisas mas belas que eu já tinha visto.
Carolina tinha um dos olhos mais lindos que eu já tinha visto em toda a minha vida, seu sorriso alegrava cada minuto do meu dia, ela era encantadora.
Andréia era forte, corajosa, destemida, sem dúvidas uma das mulheres mais fodas que eu já conheci.
Luíza era inteligente, criativa, era tudo de bom, ela me testava a cada momento, me desafiava, me excitava.
Juliana tinha olhos castanho escuro, era negra, um cabelo Black, ela era genial, revolucionária, uma das mulheres mais inteligentes que eu já vi.
Todas essas memória ainda estão guardadas com extremo carinho no meu coração, os beijos "calorentos" dentro daquele Fiat 1.9 em pleno pôr do sol. A transa dentro do avião, as carícias dentro da igreja, eu vivi apaixonadamente.
Eu estou vivo, respirando, meu corpo anseia pela vida, eu ainda consigo amar, eu ainda consigo pensar, escrever, eu ainda estou lúcido, então por favor eu peço a qualquer Deus, Orixá, ou qualquer merda que tome conta deste universo, por favor não me deixe morrer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Delírios de um morto poeta
PuisiAqui jás as memórias póstumas de um boêmio! Marcus Aguiar, prazer, um pseudocrônista, um poeta vadio, um contista genérico sem papas a língua. Retrato-lhes meus podres amores, minha medíocre existência, uma imitação de Bukowski e Dostoiévski, meu...