Acidente

135 13 0
                                    

Ao preparar a surpresa, organizar tudo, eu não pensei em ficar tanto tempo no salão, eu  e ela. O clima estava maravilhoso, comida boa, boa música. As flores que dei para ela, substituíam agora as flores que estavam em nossa mesa. Elas tinham sido postas em um belo vaso de vidro transparente. As flores davam uma cor à mesa, pois a cor da toalha era branca, junto com pratos e guardanapo. 

Para evitar ficarmos bêbados, não repetimos muitas vezes nossos drinques, revezávamos com água. Queríamos aproveitar o momento estando totalmente sóbrios. Não pretendia correr o risco de esquecer alguma coisa deste dia. Quero me recordar de cada momento, do sorriso de Júlia, como ela está linda com esta roupa, esta maquiagem, como deu tudo muito certo, apesar do meu extremo nervosismo. Eu achei que não conseguiria pedir a mão dela, que eu travaria de nervosismo. Mas, eu consegui superar o nervosismo. Ela vale a pena, por ela vale a pena lutar.Eu sei que ela estará comigo não importa o que aconteça. Este é o último dia do feriado, não posso deixar nada estragar. Porém, meu celular toca, e era meu amigo de infância, Bernardo. Ele ficou cuidando de minha casa enquanto estamos aqui. Ele logo diz:

-Cara que bom que você atendeu rápido! Invadiram sua casa, mano! Eu fui comprar comida, e algumas coisas que estavam precisando para mim comer hoje e amanhã. Quando voltei, a porta estava escancarada. Tinha muita coisa quebrada, destruída. Por favor, vem logo!

Júlia percebe minha cara de preocupação e pergunta:

-O que foi, meu amor?

-Invadiram minha casa, destruíram muita coisa!

-Ai meu Deus, vamos agora pra lá!

-Mas Júlia, e o resto da viagem? - Pergunto a olhando nos olhos.

-Meu bem, invadiram sua casa, isso não pode ser deixado pra segundo plano. E além do mais, podemos continuar a aproveitar o feriado lá na minha casa, enquanto tudo é organizado na sua! Vamos tirar essas roupas e por alguma mais confortável, e vamos agora, por favor!

Beijo dela,  ligo para um empregado de confiança e peço com urgência que arrume as coisas para partirmos, deixando alguma roupa leve apenas para que a gente troque, para fora da mala junto com documentos. Ligo logo após para meu amigo, que é policial para pedir seu apoio. 

Rapidamente trocamos de roupa, descemos com as malas que já não tinham sido postas ainda, abraçamos Mariana e partimos. Acabo indo rápido demais, chegamos quase 1 hora mais cedo que o normal. Quando chegamos em casa, vejo a porta escancarada. Bernardo nos aguardava, chorando ao lado da casa, sentado em uma cadeira. Ele tem perto de 1,75, magro, moreno, pele clara, algumas poucas espinhas. Seus olhos são de um castanho muito escuro, e seu cabelo é curto, em forma de topete.

-Cara, que bom que você chegou! Seu amigo pm veio com outros policiais, agora pouco e já estão lá dentro! Estão tirando fotos e fazendo inventário do que foi roubado. Eu já adicionei à lista alguns itens senti falta em sua casa mas acho que pode haver mais coisas. 

-Valeu carinha, e relaxa tá? Você não tem culpa disso. Gostaria de te apresentar a Júlia, minha namorada.

Júlia cumprimenta Bernardo, que respeitosamente cumprimenta-a. 

Ao chegar no quarto, meu amigo PM me cumprimenta e começa a contar as coisas que já descobriram. Foram ladrões amadores, pois deixaram diversas provas como digitais e descuidaram com o fato da casa possuir câmeras em diversos pontos estratégicos, sendo assim, ficará muito mais simples pegar os ladrões. Quando eu ligo o computador e vejo a cara de um deles, um ódio sobe à minha espinha, eu o reconheço: João Felipe. Esse cara quase matou meu pai há alguns anos. O que ele está fazendo fora da cadeia?

Quando os pms vão embora e Júlia vai pra casa para ver como lá está, pego minha chave e vou atrás do bandido. Esse cara espancou meu pai. Eu acabo mergulhando no ódio que tenho com ele. Meu carro alcança os 90 km/h sem eu perceber. Sei apenas que apago, e quando acordo, estou com muita dor no corpo todo. Perna esquerda com vários roxos, olho direito eu bati em algum lugar no carro, está roxo e inchado, lábio inchado também. Percebo que Júlia está do meu lado, deitada. 

-Amor... - Tento falar, mas estou com muitas dores

Ela acorda, animada, feliz por me ver abrindo o olho. Os médicos me mantiveram dormindo, por conta de dores. Ela diz que eu tinha acordado já, mas digo que não me lembro. O médico logo depois chega, ele explica que isso poderia ser normal por ter machucado a cabeça, e também como efeito colateral de um dos remédios. Júlia me enche de beijos quando o médico sai, e acaricia meu rosto, enquanto uma lágrima escorre de seu olho direito, escorrendo em sua bochecha.

-Amor, você poderia ter morrido! No que você pensava! Isso não vale a pena, não tente se vingar desse cara! Ele é perigoso, ele pode estar armado. Por favor, não deixe sua raiva por ele acabar te levando à morte! Não faça mais esse tipo de loucura, não me mate de susto!

Ela me abraça e desaba em lágrimas. Peço pRA ela deitar comigo, e ela me abraça. Quando ela deita comigo, é como se ela me fizesse algum bem diferente, não sei explicar. Me sinto seguro com ela. Ela já trabalhou neste hospital. Eu acho que ela jamais pensou que um dia estaria no lugar de familiar, e uma ex-colega dela de trabalho daria apoio a ela de alguma forma, pois elas nunca se gostaram muito. 

-Me desculpe, meu bem, não sei no que pensei. Eu me deixei ser vencido pelo ódio, me deixei ser vencido pela raiva que tenho dele. Não sei o que fazer mais, me ajuda com isso por favor! Não quero mais fazer esse tipo de coisa, não quero mais arriscar minha vida pelo rancor que guardo dele, não quero guardar rancor nem sentir ódio, isso acaba comigo, isso pode me matar, hoje quase me matou! - Algumas lágrimas escorrem em meu rosto. 

Júlia me abraça novamente e beija meu rosto, minha testa, tentando me acalmar. Só ela para me fazer tão bem assim nesse momento. Será que no curso de psicologia tem alguma matéria que ensinou ela a ser tão incrível assim? Ou será que ela já nasceu sendo tão amorosa, tão companheira assim? Essa paciência dela sei que ela pode ter aprendi a lidar com a falta dela, e conseguir até disfarçar um pouco em certos momentos. Algo que é meio engraçado, pois quando ela se irrita, fica fofa, ao invés de assustadora. Ela odeia quando eu falo isso, mas é a verdade, não há nada que eu possa fazer. 

-Eu estou aqui meu bem, seus amigos também. Vou cuidar de você, hoje e sempre. Ao dizer sim ao seu pedido, eu disse sim às alegrias, tristezas, vitórias e derrotas. Quero que um dia isto vire um sim pra casamento, mas mesmo sendo sua namorada e não esposa ainda, te amarei e cuidarei de ti até depois do fim!


Uma Professora Apaixonante (+18) (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora