Carnaval

209 19 0
                                    

Os dias foram se passando tranquilamente, eu e Júlia nos víamos antes e depois das aulas. Quase todo dia um ia à casa do outro. Gostávamos de ver TV juntos, tomar vinho e comer pipoca enquanto assistimos séries na televisão. Há outras vezes também, que apenas ficamos abraçados, trocando beijos e carícias, de vez em quando com direito a mão boba. Eu estou ficando cada vez mais apaixonado por ela. Não apenas apaixonado pelo corpo dela, pela presença dela, mas pela alma dela. Ela simplesmente ressuscitou o cara morto que havia dentro de mim. Eu estava perdido, ela me encontrou. Estava morto, ela me devolveu a vida. Estava triste, ela me devolveu os sorrisos. Não posso ser mais grato.

Carnaval é um feriado em que a maioria das pessoas sai para os blocos, principalmente em cidades com praia. Bebem, transam com desconhecidos, e usam fantasias extravagantes, que jamais usariam em outros momentos. Eu e Júlia somos diferentes, nós dois queremos paz, silêncio, serenidade. Por conta desses fatores, dou a ela a ideia da fazenda. É uma grande propriedade.

Nela há produção de vários alimentos: mel, leite, carne de gado, porco e frango, maçã, laranja, limão, uva, amora, jabuticaba, e também muitos legumes e verduras. Ao lado da fazenda, meu pai tem uma plantação grande de trigo, está muito perto da hora da colheita. Além do tanque com peixes e o lago, temos uma piscina aquecida, para os momentos em que a água do lago esteja fria demais. Começo a planejar muitas atividades para realizar com Júlia neste feriado. Teremos 5 dias de folga (três dias de carnaval e o fim de semana). Sendo assim, há muita coisa que podemos fazer. 

O dia finalmente chega. Júlia me manda uma mensagem logo cedo, avisando que está com as bagagens prontas. peço pra ela levar alguns biquínis, roupas confortáveis e uma de frio, pois com muito azar, o tempo pode dar uma reviravolta maluca, e ficar frio. Já aconteceu comigo, uma vez estava com amigos na fazenda, eu tinha apenas 10 anos. Eles foram passar o fim de semana na fazenda. No primeiro dia estava calor, assim como nos anteriores. Mas, no segundo dia, fez frio, choveu. O vento estava horrível, foi preciso buscar nas nossas casas roupas e cobertor, para não passarmos frio, nem adoecermos.

Acordo animado às 06:00, pois combinei com Júlia de buscar ela às 07:30 em sua casa. Como meu café tradicional, coloco minhas malas na caçamba da minha caminhonete Dodge RAM Laramie 2018, presente do meu pai. Ainda não mostrei pra Júlia, quis mostrar pra ela em momento que enfrentaríamos alguns buracos, sabia que tornaria o momento mais interessante. Ligo a caminhonete e sinto o motor dela, fecho os olhos e sorrio, só imaginando como será este feriado. Quando chego na casa dela, mando uma mensagem avisando que cheguei, afinal, ela não viu a caminhonete ainda, não está acostumada com o motor, como acostumou-se ao motor da moto. 

Saio da caminhonete, e vou ao seu encontro. Ela olha surpresa, e leva as mãos ao rosto, boquiaberta, e rio. Ela diz:

-Nossa, tá ostentando mais que eu pensava amor!

Rio e a beijo. Pego suas malas e as ponho junto às minhas. Abro a porta para ela, e após ela entrar, fecho a porta. Giro a chave e ela se impressiona com o som do motor. Rio, beijo seu rosto, ligo o rádio em uma música e dirijo. No caminho, conto histórias da minha infância na fazenda, as cavalgadas, os dias no lago, um momento de nostalgia ocorre em minha vida, começo a ver que tive realmente uma boa infância com meus amigos. Apesar de meus pais muitas vezes ausentes no trabalho. Eu entendia, não cresci ressentido. Eles sempre reservavam um tempo para nós.

Chegamos após duas horas de estrada, tranquila apesar de ser manhã de feriado. Na porteira, havia um dos empregados do meu pai. Ele não me via há mais de 10 anos. Quando me viu, ficou muito feliz e correu me abraçar. Seu José cuida da fazenda há mais de 20 anos, ele já alcançou os 65 anos de vida, com mais energia que eu e Júlia juntos. Ele me ensinou muitas coisas, passou remédio em vários machucados conquistados em tombos e tropeços no meio de minhas peripécias. Júlia sorri, ao ver a cena. Apresento Júlia a ele, que aperta sua mão e depois me da mais um baraço. Ele abre a porteira, e passamos. 

Logo que entramos, percebo que as coisas não mudaram muito, pelo menos na entrada. Vejo os mesmos pinheiros estão plantados, algumas árvores novas aqui e ali, e também animais que meu pai comprou, alguns são crias da própria fazenda. Quando vim há dois anos atrás, Seu José estava de férias, por isso não o vi, queria que naquele dia ele estivesse. Mas deixei ele descansar, muito merecido. Júlia está com os olhos brilhantes, percebo que ela está muito curiosa para conhecer a propriedade, e ao passar por alguns pontos da fazenda, ela percebe o que quis dizer com surpresas. Ela é muito inteligente.

Chegamos à Casa. Estaciono ao lado, e desço. A casa de alvenaria branca, janelas do chão ao teto, a casa está diferente, moderna, um estilo muito bonito e elegante. Vejo uma longa escadaria em formato de caracol dentro da casa, um grande quadro pintado da propriedade. Ao lado da casa, está a piscina fechada, aquecida. Isso é novo, não tinha quando eu era apenas uma criança. Nesses dois anos, a casa toda mudou, pouca coisa da minha infância ainda existia.

Quando entramos na casa, vejo uma grande mesa para 8 pessoas, cadeiras grandes e almofadadas. Atrás da mesa, uma grande lareira, penso logo em acender, cria um clima muito romântico. Ao lado da sala de jantar, havia uma grande sala com uma TV, calculo que seja de 60 polegadas pra cima. Fico realmente impressionado com o local, mas vejo que Júlia se impressiona muito mais.

-Nossa, sabia que coisas haviam mudado, mas eles praticamente refizeram a casa! 

-Não era assim na sua infância?

Balanço negativamente a cabeça, ainda surpreso com o que via. Pego nossas malas e subo para o quarto, deixar as nossas coisas. Júlia já veio vestida com sua botina, fico um tanto impressionado com isso, eu ia comentar dela de colocar para mostrar a propriedade pra ela. Quando volto, ela estava sentada no sofá, olhando para o quadro que estava próximo a ela.

-Vamos conhecer a fazenda? - Digo oferecendo a mão a ela

-Claro, estou ansiosa! - Ela levanta animada, pega minha mão e beija meu rosto.

Conduzo-a para fora, mostro o pomar a ela. Digo que no outro dia poderíamos colher frutas, se ela quisesse, e ela se anima. Mostro os animais, atualmente temos: 600 cabeças de gado, 100 vacas, 200 galos e galinhas, 15 cachorros que cuidam dos animais e da propriedade e 2 mais velhos, que ficam mais dentro de casa, e meu preferido: 50 cavalos de raça pura e 10 mestiços. Meu pai ganha muito dinheiro vendendo esperma dos animais. Aponto para ela o outro lado, onde ficam os 400 hectares de plantações. Prometo levá-la conhecer em uma cavalgada. Ao todo, são 15 mil hectares. Júlia me pergunta:

-Amor, porque não contou da sua infância aqui, dessas coisas incríveis?

Pego em sua mão e digo:

-Me desculpa, é que há alguns anos, conheci uma garota, filha de um amigo de meu pai. E eu me apaixonei por ela, e ela por mim. Pelo menos, achei que o sentimento era correspondido. Ela me usou por vários anos, jurou amor eterno. Noivamos após 2 anos de namoro, para descobrir que era tudo mentira, ao ouvir ela conversando com o pai dela, ela disse: "Ele caiu direitinho no nosso papo. Quando casarmos, as terras da famílias ele serão nossas, e eu poderei me separar desse idiota". Depois dela, não me relacionei seriamente com mais ninguém, jurei amar nunca mais, e eu mantive essa promessa. Até conhecer você.

Olho com vergonha pra ela, e triste ao mesmo tempo, ao me lembrar do meu passado.

-Amor, não me importo com o dinheiro. Aquela vaca não merece você e nem sua família a amizade desse homem. Eu te amo pelo que você é, não pelo que tem, ok? O que é seu, é seu! Eu jamais tomarei o que é seu por direito. Eu te amo de verdade, meu bem, e mesmo que você fosse pobre, eu continuaria te amando.

Sorrio e a beijo apaixonadamente, ela retribui o beijo, acariciando meu rosto. Abraço ela, e ficamos assim, abraçados trocando carinho, por vários minutos. Ficamos sem assunto, sem falar nada. Acabou sendo um silêncio que disse milhões de palavras. Acabou sendo um silêncio que dizia: eu te amo, através do carinho e amor que um estava dando ao outro. Não troco essa mulher por nada neste mundo!

Uma Professora Apaixonante (+18) (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora