Capítulo XLVI

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O rosto do moreno estava marcado pelas lágrimas recentes, seus olhos estavam vermelhos. Tudo dera tão errado. Ele fizera tudo errado. Tinha machucado a pessoa que amava da pior maneira que podia, Namjoon sempre o avisara, mas Jungkook sempre teve medo da reação de Jimin, aquela era bem pior do que ele poderia imaginar.

Assim que percebeu que Jimin bloqueara seu número, Jungkook chorou, chorou como uma criança, chorou como se não fosse existir um amanhã. Porque ele só queria abraçar o mais velho e dizer que havia tudo sido um grande mal entendido. Queria ter a chance de explicar, de poder contar a verdade, mas entendia que Parl não queria o ver.

A casa estava escura e Jeon não esperava que o namorado, talvez não mais namorado, voltasse para casa. Ele apenas deitou na cama de casal e chorou mais, chorou em silêncio porque já quase perdera a voz. Olhou para o lado e viu que o mais velho não estava ali. Queria abrir os olhos e vê-lo, descobrir que era tudo um pesadelo.

Mas não era.

O garoto de olhos escuros simplesmente não conseguia pensar direito, ele só conseguia lembrar-se de Jimin, marcados pelas lágrimas, lágrimas de tristeza e não de alegria como vira durante o pedido de namoro. Foi então que ouvira as batidas na porta, uma, duas. Achou que podia estar enlouquecendo, mas ouviu a terceira.

Levantou e andou até a porta sem pressa, ninguém que pudesse visita-lo o interessava. Muito provavelmente era Namjoon para poder consolar o amigo e dizer que ficaria tudo bem, mas nem Jungkook acreditava muito. Foi então que quase desmaiou ao abrir a porta, não era Namjoon quem estava ali.

Era Jimin.

Jimin com os olhos mais vermelhos do que nunca e com a roupa desarrumada, parecia que dessa vez Jeon estava realmente sonhando, mas ele ouviu a voz do mais velho e ela soava tão clara que era impossível ser um sonho.

- Oi. - O mais velho soou simples. Tão simples quanto Jungkook fora quando se viram pela primeira vez na farmácia.

- Jimin! - O moreno não resistira ao impulso, simplesmente jogou-se em cima do menor e o abraçou apertado, certificando-se de que realmente não era um sonho e para que Park não pudesse mais sair dali, porque ali era seu lugar. - Por favor, me dá a chance de explicar.

- Eu estou aqui. - Disse enquanto acariciava o cabelo do maior. - Explique.

- Você não me odeia?

- Jungkook, você é a pessoa que eu mais amo. Eu não conseguiria odiar você, eu precisava apenas de um tempo, precisava ter calma, pensar no que aconteceu. Eu sei o que eu mandei na mensagem e eu realmente estou machucado, mas sou uma pessoa racional e intensamente apaixonada, não poderia simplesmente desistir de tudo sem te dar a chance de explicar-se.

- Tudo bem, eu serei rápido. Não tentarei enrolar você ou algo do tipo. Apenas a verdade, eu sou Jeon Jungkook, trabalho em uma boate, até essa parte você sabe. Trabalho todos os dias como garçom lá, exceto um dia a cada semana. Um em que eu subo em um palco e me exibo, um em que me transformo em hot boy. Eu faço isso desde que comecei a trabalhar lá, mas comecei com um papel inferior, eu ficava no fundo do palco. Com o tempo as pessoas começaram a prestar mais atenção no cara que ficava mais ao fundo e eu fui ganhando atenção e cada vez mais dinheiro. Em algumas noites eu sou contratado. Por mulheres ou homens, não importa o sexo. Eu faço o que mandam, sou seu produto, sexo, algum tipo de fetichismo, danço particularmente para elas ou apenas converso com elas. Peguei seu número na lista de doações da igreja, não poderia chegar e dizer que eu era quase como um prostituto ou um gogo boy. Então eu esperei até que confiasse em mim e então eu tentei contar, mas você estava com a Nayeon. Ficamos juntos e eu já não sabia por onde começar. Era complicado, Jimin, contar para você o que eu fazia, imaginava sua reação. Não seria fácil saber que o rapaz com quem está junto faz esse tipo de serviço.

- Você não está respirando para falar!

- Está entendendo?

- Sim, eu estou.

- Então é isso que importa. Foi então que hoje, no caso foi ontem, mas ainda está de madrugada então eu não vou saber direito contar como se fosse ontem, eu te pedi em namoro e fiquei feliz como jamais fiquei, já havia decidido há um tempo que se começássemos a namorar, eu dispensaria o meu emprego como o que quiser chamar e ficaria apenas como garçom. Aquela discussão toda, Jimin, foi porque meu chefe enlouqueceu quando eu pedi demissão e quis ficar apenas como garçom, porque eu sou uma importante fonte de lucro, mas eu não me importei, eu apenas quis parar e consegui. Agora eu sou apenas garçom e hoje, quando acordássemos juntos, eu te contaria toda a verdade... Tudo estava planejado antes daquela vadia aparecer.

- Então foi isso. - Jimin suspirou e passou as mãos pela calça. - Você era quase um prostituto e evitou me contar. Manteve segredo todo esse tempo. Era sobre isso que a garçonete estava falando no dia da cafeteria? Ela achou que eu era mais um de seus clientes?

- Sim.

- Porque você não me contou, Jeon? Porque guardou segredo esse tempo? Eu não estou machucado pelo que fazia, estou por ter guardado segredo. Eu confio tanto em você, achei que conhecesse tudo sobre você, mas agora isso é despejado em cima de minha cabeça.

- Por favor, Jimin, por favor. Eu sei que fui um completo idiota. Eu sei que não deveria ter guardado segredo, mas eu tive medo. Tive medo de te perder, tive medo que não quisesse mais olhar em meus olhos.

- Você não me conhece, Jungkook? Você é tão importante para mim! Caralho, eu tentaria entender!

- Eu não queria me arriscar, eu não poderia arriscar perder tudo por causa dessa idiotice. Eu não poderia perder o amor da minha vida.

E então Jimin parou, perdeu seus argumentos, perdeu seus sensos. Derreteu por dentro como nunca na vida. As palavras de Jeon foram suficientes, ele já o perdoara. Ele o amava mais que tudo e a situação já não precisava de solução, já estava resolvida. Park apenas abraçou o outro e o beijou, o beijou com desejo, mais desejo do que nunca.

Jungkook deitou no sofá e o mais velho estava por cima de si. 

Era um momento mágico. 

Jungkook agarrou-se a Park que levantou do sofá o arrastando. O beijo nunca era partido, eles apenas queriam sentir, tocar. No misto intenso de sensações, o moreno se sentiu jogado e pode sentir a superfície do colchão sob si. Jimin apenas engatinhou até ele na cama e começou o beijo novamente, as línguas se acariciavam, falavam uma com a outra. A boca de Jeon possuía o intenso sabor de café e a mistura entre a menta da boca do mais velho e o café era perfeita.

Quando o ar começara a faltar, eles se desgrudaram deixando suaves beijos, Jimin beijando o canto da boca do namorado. Olharam-se nos olhos, orbes em chamas. Corpos consumidos por labaredas.

- Você está preparado? - Jeon perguntou sem desgrudar os olhos do mais velho. A respiração de ambos estava entrecortada e estavam com as bocas avermelhadas e entre abertas.

- Mais do que nunca.

HOT Boy | pjm + jjk | Jikook VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora