(Romance Gay)
Paz é uma somente uma palavra para dois reinos que sempre estavam em guerra, até que finalmente a rainha propõe um acordo para tornar aquela palavra em realidade.
Tal acordo, clássico, incluía um casamento entre o príncipe Valerian...
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Após me despedir de Nice, só restou-me ir ao quartel e passar às ordens aos guardas, e, também, pedir discrição no caso dos homens mortos no corredor. Provavelmente por medo, todos concordaram sem pestanejar.
Logicamente, eu não gostava daquela situação. As pessoas sempre falavam da maldição que eu carregava, questionando se eu não estava sendo controlado e, naquele momento, eles passaram a ter um motivo.
Saí do castelo com esses pensamentos pulando em minha mente. Estava começando a ficar com medo de perder o controle outra vez, as emoções não podiam me controlar novamente.
- Espero que você possa me ajudar, Anne - pensei alto.
Parei na frente de uma das cachoeiras. A água descia diretamente de um rio no topo do penhasco, onde ficava também o Templo dos Sábios. Eles eram os responsáveis por guardar e repassar os conhecimentos mágicos e históricos de Eudara.
- Já faz tanto tempo que usei isso. - Levei minha mão até a água e me concentrei no líquido. - Me leve ao Templo dos Sábios... - sussurrei.
Meu corpo se desfez em água e, em um piscar de olhos, se recompôs na margem do rio, bem na frente do templo, que se encontrava iluminado por várias tochas azuis.
Observei em volta, notando várias montanhas. De uma delas corria a água que descia, cristalina, até o lago ao centro.
Na margem do lago havia um castelo branco grandioso que irradiava luz por todas suas aberturas. Os guardas me deixaram entrar sem problemas, já que eu era um guarda real, me conduzindo até a sala da minha antiga mestra. Anne era, e ainda é, uma bela e sábia mulher, grande conhecedora das artes místicas e sempre de bom humor.
- Para você estar aqui, deve ter acontecido algo muito grave. Não me diga que estamos em guerra novamente. - Anne virou-se lentamente, saindo da sua posição de lótus e colocando seus pés no chão, assim deixando de flutuar.
Seus olhos azuis contrastavam com sua pele que chegava próximo ao ébano de tão intensa. Vestia um casaco branco com pontas desfiadas e fitas douradas, por baixo, um vestido que se abria na região do quadril revelando um novo tecido branco que descia reto, deixando apenas as pernas de cor intensa à mostra.
- Não, pelo menos não ainda. Eu que estou necessitando de seus conselhos... - Uma dúvida me veio a mente, talvez ela já estivesse sabendo do ocorrido. - Como sabia que era eu?
- Eu não seria uma boa mestra, se não reconhecesse o som dos passos de meus discípulos. - Ela sorriu, claramente orgulhosa de sua habilidade. - Mas vamos até o rio. No caminho, você me conta o que te aflige. Pela sua aura e sentimentos, tem muita coisa a falar.
Em passos lentos, saímos do grande templo, paramos à margem do rio, que refletia a luz azul da lua, enquanto eu relatava todos os acontecimentos à Anne. Desde o beijo na cerimônia de noivado até o eventual descontrole da maldição nos corredores.
- Pelo que vejo, o destino está pregando-lhe uma peça. - Anne sorria como se não visse problema algum na situação, ela tinha o olhar parecido com o de Nice.
- E eu sei, agora não me olhe desse jeito. De loucura já me basta a Nice, preciso de um conselho sensato sobre o que devo fazer. Me afastar é uma solução viável? - Claro que, para mim, seria muito ruim, mas precisava escutar se isso era o certo a se fazer.
- É a pessoa mais correta que conheço. Creio que o maior motivo que levou ao descontrole, foi essa sua confusão voluntária de sentimentos. - Sua expressão tornou-se mais séria. - Você entende que se afastar não é uma opção, certo? Sabe que as pessoas, que realmente estão envolvidas nessa trama, não são contra, aparentemente. Entendo que você considera seus sentimentos errados, mas eu te digo que se é realmente amor ou o começo dele, não tem como ser errado. Os seres humanos não tem poder ou conhecimento para julgar isso.
Sentei-me na grama e olhei para a água do rio, alguns peixes brilhantes nadavam e eu desejei que a minha vida simples como a deles. - Por que esse tal sentimento tem que ser tão complicado mestra? Com tantas pessoas no mundo, por que logo esse?
- O amor não é complicado, as pessoas é que são e gostam de enfiar o nariz onde não são chamadas. - Ela sentou ao meu lado, passando a mãos na água e, assim, atraindo os peixes. - Se o destino uniu vocês dois, é porque um precisa do outro e, pelo que me contou, precisam mais do que imaginam. Entretanto, no fim, cabe a você decidir, eu só posso dar conselhos.
- Muito obrigado por me escutar e pelos conselhos também. - Sorri para ela, por fim. Nossa conversa havia sido de grande ajuda, realmente.
- Adoro suas visitas! Não é tão legal quanto parece, ficar aqui guardando conhecimento. Agora vamos ver esse seu selo.
Anne aproximou-se e colocou a mão sobre a venda, recitando algumas palavras em uma língua antiga. Isso fez sua mão brilhar, sendo possível para ela analisar as condições do selo.
- Ótimo! Parece que você agiu a tempo e não será necessário trocar. - A mestra falou tirando a mão de meu rosto. - Apesar disso, sua aura ainda está pesada. Portanto, essa noite você fica aqui e relaxa um pouco nas águas quentes do templo.
Consegui respirar mais aliviado depois da conversa. Estava controlando melhor meus próprios sentimentos, porém precisava decidir se realmente podia continuar perto de Valerian. Mesmo controlando minhas emoções, eu ainda não as entendia e, futuramente, isso podia ser minha ruína. Ou pelo menos, era esse meu pensamento.
Entrei no templo e, como aconselhado, fui direito para as fontes do rio. Após me certificar que estava sozinho, retirei meus trajes de guarda real e entrei numa das banheiras de pedras, moldadas pela água corrente. A sensação era como estar flutuando, a água quente e cristalina relaxava todos os músculos, adormecendo meus pensamentos também.
Fechei os olhos e fiquei alguns minutos parado, então como um raio minha decisão estava tomada. Não seria fácil, entretanto, eu precisava fazer o que era certo, mesmo que isso custasse mais do que eu estivesse disposto a pagar.
Mas onde se deve procurar a liberdade é nos sentimentos. Esses é que são a essência viva da alma.
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