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Sophia:

Cheguei em casa um pouco mais cedo do que costumava, estava sentindo uma angústia que apertava meu coração com força e lembrei dele. Lembrei do modo como ele me olhou essa noite. Fiquei feliz por ver o desejo nos seus olhos, mas ao mesmo tempo triste, pois queria vê-lo me desejar como Sophia e não como Safira.
Peguei uma garrafa de vodka que encontrei no balcão da cozinha e bebi um, dois, três e incontáveis copos. Quando me dei conta o mundo estava girando e eu me sentia mais triste do que quando comecei a beber.
Corri até a sacada e gritei
- O QUE ESTÁ ACONTECENDO COMIGO? MICAEL, O QUE VOCÊ FEZ COMIGO?
Eu sabia que não ia receber respostas, mas não aguentava mais guardar aquele sentimento no coração.
O vento batia forte no meu rosto, o sol já estava querendo aparecer e eu comecei a chorar angustiada.
Desde o dia que conheci esse homem eu não consigo pensar em mais nada e eu não sou assim, não sou o tipo que se apaixona por olhares e nem do tipo que acredita em amor à primeira vista.
Talvez seja carência, só pode ser isso.

Estava muito embriagada e não conseguia pensar muito bem, mas na Califórnia a qualquer hora do dia se encontra boates abertas. Então peguei minha bolsa, alguns dólares; não conseguia ver um palmo a minha frente de tão alcoolizada, mas queira sair, beijar, ficar louca e esquecer tudo o que estava me atormentando.

Entrei em um táxi e pedi ao motorista para me deixar na primeira boate aberta que ele encontrasse. Não demorou muito até que ele parou e eu desci.

Entrando no local senti um forte cheiro de maconha, comecei a tossir sem parar, mas continuei entrando. O som estava bem alto e tinha bastante gente lá dentro -se levar em consideração que já era quase 7h da manhã.
Fui em direção a pista de dança e senti dezenas de olhares masculinos sobre mim, senti medo mas estava ali para dançar, curtir, beber e era isso que ia fazer.

Não demorou muito tempo até eu notar um movimento estranho. Um grupo de caras altos e fortes começaram a me rodear, eles trocavam olhares de cumplicidade e eu comecei a ficar nervosa.
Fingi que não estava os vendo e tentei ir em direção do bar, mas um deles me segurou pelo braço com força e os outros vieram em minha direção também. Eram aproximadamente seis homens.
Eu comecei a gritar muito, mas o som estava alto e ninguém sequer me olhou. Eles estavam rindo com tom de deboche e soltando frases como: "a branquinha tá nervosa" "precisa ter medo não, vamos te tratar como rainha".
Eu só queria sumir, até o efeito do álcool foi embora.

Senti agora a mão que segurava meu braço me puxar em direção a parte escuta da boate e comecei a chorar, a me desesperar e me debater. As pessoas que estavam ali pareciam não se importar com minhas lágrimas.

O medo fez minha barriga embrulhar e eu queria muito vomitar.
Percebi que meu celular estava no bolso e que eu tinha uma mão livre, coloquei no chamador e o último número era o do Micael e então liguei.
Vi que ele tinha atendido então comecei a gritar.
- SOCORRO! EU ESTOU NA BOATE DA RUA 6, CENTRO DE SAN DIEGO, PERTO DA RODOVIA. POR FAVOR, POR FAVOR! EU SÓ ESTAVA QUERENDO ME DIVERTIR.
Tentei ser discreta para que nenhum deles reparassem que eu estava com um telefone em mãos, mas antes de desligar a chamada um dos caras chegou por trás de mim, uma mão na minha cintura e outra segurando meu celular e falou:
- Salvem a princesa que está em apuros -gargalhou irônico- acho que isso vai ser melhor do que pensei.

The magic in your eyesOnde histórias criam vida. Descubra agora