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Micael:

Tinha um homem despindo a Sophia e eu vi as lágrimas no seu rosto. Senti mais ódio, fui para cima dele e empurrei longe da minha loirinha. Começamos uma briga e eu depositei todo o meu ódio naquele cara. Bati tanto que ele ficou desacordado, queria bater mais até ele parar de respirar, mas ouvi um choro baixinho de lado.

Ela estava de calcinha e tentando fechar o seu sutiã, tremia muito e não parava de chorar. Meu coração parecia chorar junto de tanta dor que senti.
Me aproximei devagar, pedi para ajudá-la a colocar sua peça e ela deixou. Procurei com os olhos a sua blusa pelo chão, mas não encontrei. Então tirei a minha camisa, dei para ela vestir, peguei-a no colo e levei até o meu carro.

Ficamos um tempo parados dentro do carro, respeitei o seu silêncio, as suas lágrimas e em momento algum soltei a sua mão.
- Você pode me levar em casa? -ela falou tão baixinho que tive dificuldade de entender.
- Claro que sim, mas eu não sei onde você mora.
- Eu te mostro o caminho.
Seguimos em silêncio enquanto ela me mostrava onde deveríamos ir. Paramos em frente a um prédio bem alto, desci primeiro e fui ajudá-la a descer.
Perguntei se ela queria que eu subisse e ela apenas fez que sim com a cabeça.

Chegamos em seu apartamento, era tudo muito bonito, tinha apenas uma garrafa de vodka e alguns copos no chão, mas fora isso, era bem organizado.

Ela entrou e se jogou no sofá começando um choro forte.
Me juntei a ela e comecei a fazer carinho no seu cabelo. Não tinha o que falar ou fazer. Até porque eu sabia pouco sobre ela e nunca tivemos uma conversa de verdade, mas eu tinha a sensação que ela era alguém que eu deveria que manter sempre perto.

Levantei, pedi licença para usar a sua cozinha. A geladeira estava bem cheia, então resolvi preparar algo para ela comer.
Fiz panquecas e suco, arrumei a mesa e fui chamá-la para comer.

Ela estava mais calma, abraçada a um travesseiro, olhando pro nada..
Ao me ver chegar ela sorriu, veio em minha direção e me surpreendeu com um abraço. Instantaneamente eu senti uma paz na alma e não queria sair nunca mais dali.

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Sophia:

Eu já estava quase nua, apenas uma calcinha e um sutiã no corpo. Mas como um milagre alguém surgiu e tirou aquele cara de cima de mim, faltando muito pouco para aquele monstro acabar com a minha vida. Era o Mica. Quando nem eu acreditava mais em uma ajuda ele surgiu.

O Micael batia com tanta força no rosto daquele homem que o único som que eu conseguia ouvir era dos seus gemidos de dor.
Deve ser errado, mas o prazer que senti de vê-lo apanhar daquela maneira me fez bem.

Comecei a vestir-me novamente, dessa vez com nojo de mim, nojo do meu corpo e até das minhas roupas. Não conseguia parar de chorar, mas o Mica me ajudou, me levaria para casa, cuidou de mim, me respeitou e em momento algum, soltou a minha mão.

Cheguei em casa e meu coração estava apertado, aquela situação acabou com o meu dia. Chorei tanto, me senti tão mal. Só queria sair, me divertir e esquecer meus problemas. Mas acabei trazendo um problema maior pra minha vida: uma consciência abalada por um lixo de homem.

Meus pensamentos foram interrompidos por aquele que parecia valer a pena. Ele chegou falando que tinha feito panquecas e suco. Até esqueci o motivo da minha dor. Involuntariamente corri para seu abraço que me acolheu como um lar. Aquilo me bastava..

The magic in your eyesOnde histórias criam vida. Descubra agora