1 • he wants me?

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E agora, eu acredito que milagres existem.

Bem, deixe-me explicar. Lá estava eu há três dias atrás chegando na Goode. O corredor dos quartos era um infinito (ou quase) espaço com portas pretas, cor de vinho, ou tabaco -- todas feitas de veludo -- postas nas paredes cor de marfim. Quando você achava que ia andar mais um vão cheio de portas, uma escada para o segundo andar aparecia, e então estávamos na ala dos quartos para o último ano, que era a maior ala já que era a maior quantidade de alunos. Certo, isso era no prédio leste do imenso condomínio que era aquele colégio.

Ah, nesse mesmo condomínio tinha uma parede branca cheia de desenhos coloridos e abstratos, e então entrávamos na ala dos quartos masculinos, infelizmente, nós não tivemos acesso a essa área já que minha linda e querida tia Dite não nos apresentou. E sim, aí começa o milagre.

O prédio era repleto de janelas e luzes, o mais claro possível porque eu até podia achar que era um presídio.

Uma passarela com placas de madeiras dava acesso ao prédio das salas, que eu não fiz questão de saber como era, só que ao norte desse prédio (a parte mais próxima da passarela) era o refeitório. Atravessando todo o prédio, chegávamos a outra passarela que dava entrada ao prédio de "diversão" como minha tia insistiu em chamar.

A primeira sala tinha vários videogames e um monte, só pra enfatizar, muitos sofás e jogos em grupos. No andar de cima era a biblioteca que ocupava tudo aquilo, era repleta de livros e pra virar, tinha uma daquelas poltronas ovais que eram lindas.

Ao norte do terreno, visitamos a piscina. Larga, comprida e congelante já que ninguém se encontrava ali. Era bem bonita, até, com cadeiras de praia, guarda sol e essas coisas que tinham nos clubes de Cali.

Por fim, fomos conhecer o lugar que minha tinha disse ser o preferido de todos e eu pude concordar. Era ao sul, um bosque onde uma passarela de pedras mostrava o caminho entre as árvores com copas pequenas, esbanjando flores e onde o sol morno parecia acariciar. Depois de caminhar poucos metros, chegamos no tal lugar.

Mesas de pedras e bancos estavam ocupados por adolescentes enrolados em casacos, calças, toucas e luvas, embora o clima não estivesse tão frio assim, talvez os ingleses fossem loucos mesmo. Uma fogueira estava acesa à beira de um lago com águas cristalinas e onde podíamos ver placas com "Tenha cuidado, não é temporada de pesca" e "Por favor, não entre na água". Eles riam e pareciam estar curtindo os marshmallows que dois garotos preparavam e o chocolate quente que uma garota ruiva entregava com um sorriso meigo em uma bandeja prateada.

Dite acenou para todos eles que retribuíram, alegres. Estranhos. Mais para cima, passamos pelo campo de futebol americano, futebol, rúgbi, basquete e disse que depois nos apresentaria a piscina interna.

E nossa visita acabou por aí já que Thalia disse estar congelando na saia minúscula dela e que o sobretudo não estava fazendo efeito.

Agora, era segunda, seria nossa primeira aula e mesmo que, eu, Thalia e vim descobrir ontem, Silena tínhamos quartos particulares, assim como a maioria das garotas do último ano, por isso ocupávamos todo o andar, minha prima estava olhando-se no espelho do quarto porque não queria dormir sozinha.

Vesti a saia de pregas preta, que podíamos escolher entre ela, uma amarela (extravagante e desnecessária), uma calça jeans qualquer ou uma calça de couro que minha tia disse ser autorizada... E cara! Era ótimo ter uma tia que quase mandava naquela escola.

Alisei mais uma vez a saia, retirando os suspensório em cima da cama, vesti uma blusa baby look branca com um colar de cruz que vinha um pouco abaixo dos seios e o blazer com o escudo da escola, que para as meninas, mudava de cor: tinha o preto, preto com um brilho lindo, e amarelo. Mas eu nunca ia usar essa amarelo ridículo.

Nightingale • PJOOnde histórias criam vida. Descubra agora