• 26 • hard to say it

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Não sabia se ficava sentada, encarando o nada ou a briga que começava a seguir. Uma briga de vozes baixas e ameaças perturbadoras.

Não sei em que momento eu apenas virei as costas e com passos rápidos, atravessei a cozinha, subindo as escadas, fingindo que não tinha ouvido nada.

Apenas me dei conta de que estava indo para meu quarto quando me bati com Nico andando sem camisa, com um moletom caindo pelo quadril, a expressão sonolenta e o cabelo totalmente bagunçado segurar meu braço.

— Tudo bem, A... Você está chorando?

Eu também não sabia que estava chorando até ele dizer aquilo.

Soltei meu braço com força de seu aperto e me tranquei no meu quarto, fechando a porta com um baque surdo, a coisa mais civilizada do mundo. Encostei minhas costas na madeira fria, deslizando até estar no chão em um estado deplorável com as lágrimas caindo sobre minhas bochechas como se fosse o fim do mundo.

Não era o fim do mundo. Não podia ser o fim do mundo. Aliás, era uma coisa extremamente boba... E daí? Percy era um cara legal e se fossemos irmãos, seria ótimo, não é?

Bem, olhando por esse lado, seria perfeito.

Até eu perceber que pelo meu lado estava completamente um desastre.

Quero dizer, como seria estar se apaixonando pelo seu irmão?

A ideia me repugnou. Fez-me sentir que nada na minha vida poderia ser pior.

A madeira atrás de mim roncou com os socos fortes.

— Annie! Annabeth! — era a voz de Nico que aos poucos se abaixava — O que aconteceu, Annabeth?

Não consegui falar. Agradeci quando ele desistiu e sua voz sumiu por um tempo. Controlei meus soluços altos, os tremores que escapavam pelas minhas terminações nervosas e eu me sentia uma menininha. Uma idiota, na verdade.

Eu só queria meu pai. Abraçando-me.

Uma rajada de vento atravessou meu quarto, o que me fez me encolher, apertar-me ainda mais contra meu corpo e a madeira fria.

— Annie.

Era a voz dele. A última pessoa que eu queria ouvir agora.

— Annie, abra a porta, meu amor. — ele sussurrava.

Continuei a soluçar, tentada em abraçar seus braços e sentir seu cheiro de maresia, minha bochecha contra seu peito... Sentir que estava tudo bem.

— Annabeth! — era minha mãe dessa vez.

Controlei meu choro de uma vez, levantando-me com certa dificuldade e respirando várias vezes até que sentisse que meu rosto não parecia um tomate.

Eu era uma garota forte.

Sou uma garota forte.

Com o mesmo pensamento e ouvindo suplicas dramáticas de minha mãe, abri a porta.

Percy estava sentado no chão, com o rosto virado para porta, como se de alguma maneira fosse ficar mais perto de mim. Aquilo foi ridículo, estúpido e de um garoto na puberdade.

Super fofo.

Ele me olhou de baixo e deu um sorriso falho, levantando-se rapidamente.

— Annie. — minha mãe me puxou contra seu peito, apertando e afagando meu cabelo.

Fechei os olhos e não deixei que seu cheiro maternal tão conhecido por mim me afetasse, eu não podia chorar. Era uma questão de honra.

— Tudo que você ouviu é mentira. Tudo mentira.

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⏰ Última atualização: Jun 11 ⏰

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Nightingale • PJOOnde histórias criam vida. Descubra agora