Louco apaixonado

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Era quase poético o jeito que as gotas de água fria tocavam sua pele.

O modo como ela aprecia de olhos fechados cada momento debaixo d'água, e se equilibra nas pontas dos pés, com a elegância da bailarina que vive dentro da mesma, como se quisesse chegar mais perto do céu e tocar as nuvens.
O jeito que vestido branco, colado em seu corpo por conta da chuva, delineava perfeitamente cada centímetro de suas curvas complexas e desregulares.

Esse conjunto de fatores a fazia parecer uma obra do Michelangelo.

Ela parecia estar em outro mundo, aquele singelo sorriso no canto da sua boca e as bochechas levementes pigmentadas por conta do frio, os olhos fechados e os braços abertos com os seios na direção do céu.

Ela nunca precisou de muito para ser linda, nunca tentou se encaixar nos padrões pra ser perfeita.

Ali ela era ela.

Simplesmente, ela.

E ela é arte.

Mesmo não percebendo, todos que a vissem nesse momento veriam a obra de arte que a mesma é.

Seu cabelo castanho escorrido e molhado pela chuva, fazia contraste com sua pele alva e perolada, suas singelas sardas começavam a aparecer e seus lábios naturalmente avermelhados só aumentavam sua aparência angelical.

Então, ela abre os olhos, aqueles olhos castanhos tempestuosos, que tanto me tiram a paz quanto são a própria calmaria. E ela me flagra, estagnado a poucos metros de distância, admirando-a.
A intensidade em que ela me encarou podia fazer qualquer pobre mortal se apaixonar, e não foi diferente comigo, caro leitor.

E eu, meu amigo, sou privilegiado por presenciar esse momento. Se agora ela não estivesse em meus braços, eu poderia jurar que tudo foi um delírio de um louco apaixonado.

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