perdido

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São 33 passos das portas francesas até o meio do gramado. Ela vem nas pontas dos pés, quase flutuando.

Hoje a noite é de lua cheia, e às 02:00 da madrugada a presença dela é desconcertante, algo como uma presença sinuosa.
O cabelo castanho continua bagunçado por conta da brisa fria, os lábios ainda mais vermelhos, e os olhos... Ela ainda tem os mesmos olhos castanhos que enxergam minha alma. Devastadores.

Ela está procurando alguma coisa ao longe, com as sobrancelhas franzidas em concentração ela fica mais adorável do que ja é.

Então ela da mais dois passos.

Agora são 35.

Ela é um anjo, só pode ser! O vestido branco ainda é o mesmo, sua silhueta perfeitamente desregular é a mesma, e sua graciosidade ainda esta lá.
Eu não achava possível existir um ser tão simples e tão belo, mas ela é puramente toda a perversidade e bondade presente no nosso meio.

Quando a mesma olha pra lua, sua expressão se suaviza, fica amena, beirando ao alívio. Finalmente encontrou o que procurava.
Mas é algo que só ela vê e entende, não é simplesmente a lua. As vezes eu gostaria de ver o mundo com seus olhos, do jeito que ela vê.
Gostaria de saber como ela me vê.
Se é que vê.

Estou tão perdido em sua magnitude que mal noto quando ela se joga na grama molhada com o orvalho e começa a gargalhar.
Sua voz é a melodia mais doce que ja ouvi.
Ela apoia as mãos sob o tecido que cobre sua barriga e olha em minha direção.

Eu congelo.

Então ela sorri.

E seus olhos sorriem junto.

Este é, sem dúvidas, o sorriso mais sincero que existe nesse pedaço de paraíso.

É impossível não sorrir de volta.

Não sei qual é a graça, mas há algo na forma dela de enxergar as coisas que me contagia.

E eu novamente me encontro na palma de sua mão, perdido e abandonado como um louco apaixonado.

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