Espada de vidro

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Você se tornou uma muralha de vidro, forte e opulenta, mesmo que muitos a vejam fraca, frágil, eles não sabem que por dentro dos muros de diamante, está acontecendo uma revolução.

Um espetáculo a olhos nús, admirável mesmo de longe. Um monumento repleto de beleza, com espectadores diversos espalhados por toda sua extensão, elogiando-a, clamando pelo momento certo para atirar as pedras escondidas nas mangas.

Eu Sei, eu sabia, eu sempre soube que você estava se moldando, fortalecendo suas vigas, colunas, paredes, com camadas e mais camadas de vidro.

Foi tudo parte do seu plano, você esperou que seu chão se solidifica-se, que estivesse firme.

Você era, é, a obra mais linda que eu já tinha visto, perdia o fôlego sempre que te via, não importa quantas vezes. Você brilhava, era sua própria luz.

Mas foi naquele dia, naquele fatídico dia. Você deixou que jogassem as pedras, todos ao mesmo tempo numa bagunça ordenada, meu castigo foi ter de assistir sem poder me mover, preso a você.

Estilhaços, sangue, dor, beleza.

Quando as paredes ruíram, e as vigas, e a cúpula quebraram, os seus cacos atingiram todos a sua volta, todos seus súditos que queriam sua queda. Um por um, você marcou a pele e um pouco mais. Para sempre.

Você planejou tudo.

Muitas camadas caíram, mas você continuou lá, seu chão de diamante ainda estava lá. E eu estava preso a você. Ainda estou.

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