Sob a luz do sol do meio-dia sua pele parecia brilhar, arder, era como se ela estivesse em chamas.
Por outro lado suas feições eram serenas, ela estava apreciando os raios que queimavam a pele de suas bochechas e o vento forte que desgrenhava seus cabelos, e eu estava apreciando ver o monumento que ela é, mesmo tomando cuidado para não sair da pista e bater o carro.
Eu estou sonhando?
Eu tentava prestar atenção no horizonte a minha frente, tentava deixar em mente a pista sem fim que cortava aquele deserto, mas lançava breves olhares de esguelha só para ter o prazer de ver o seu sorriso acentuado pelas bochechas avermelhadas por conta do calor.
No rádio tocava alguma canção de amor estrangeira, mas eu só conseguia ouvir seus murmúrios acompanhando a letra. A melodia que acalmava a minha ansiedade.
A realidade é que dói como o inferno essa dependência que eu tenho dela. Mas meu amigo leitor, a culpa não é minha! Ela é a culpada de tudo, ela que é tudo o que eu procurava, ELA é o paraíso e ao mesmo tempo a personificação do mal. Uma zona de guerra. Onde eu luto para ter sempre um pouco mais do seu sabor, do seu amor.
As vezes eu queria acordar.
Parece que eu nunca estou perto o bastante, mesmo quando seu corpo esta colado ao meu. Parece que eu nunca vou conseguir prova-la o bastante, mesmo quando minha boca está percorrendo cada centímetro do seu corpo e saboreando aquele gosto doce e inebriante.
Chega um momento em que eu não consigo mais tentar ignorar sua presença, eu lanço mais um olhar para ela, meu grande erro, sinto um arrepio subir por minha espinha, ela já estava olhando para mim, com os óculos escuros vermelhos levemente abaixados ela parecia ter saído de um filme antigo.
Eu já nem sei onde minha sanidade foi parar.
Impressionante o efeito que apenas um jogo de olhares e um sorriso com a medida certa de malícia tem sobre mim. O efeito que ela tem sobre mim.
Eu saio da pista e paro o carro.
Ela me olha com sinais claros de interrogação e divertimento, ela sabe o que faz comigo e não tem um pingo de vergonha cara, ela adora.
No momento em que a tomo em meus braços e sinto seu cheiro de maçã, eu percebo que poderia morrer no seu abraço e morreria feliz.
Talvez eu ja esteja morrendo e ela é meu último lapso de vida, mas quem realmente se importa? Eu posso estar jogado aos pés do diabo, mas se ela for meu último suspiro de redenção, então eu não me importo de ruir.
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Esquizo
Short StoryEla é arte. Intensidade e suavidade. Ele é insanidade. Paixão e êxtase. Um louco apaixonado convivendo com a sombra de seu amor, lutando todos os dias contra e a favor de quem ela (ele) se tornou.