Elas ignoravam uma a outra no trabalho, obviamente. Bem, elas não mencionavam as noites passadas em frente à televisão, nem as caminhadas na praia e, às vezes, enquanto ela se sentava na sala de convivência e ouvia Deb tagarelar sobre o quanto ela estava certa de que Cosima a convidaria para sair em breve (quando Cosima já havia comentado com Delphine que estava incomodada com os flertes constantes de Deb), ou quando a glamorosa Belinda começava a falar de forma amistosa demais sobre ela, embora Delphine se mantivesse calma como um Buda desafiado, por dentro ela estava espumando de raiva e poderia, certamente, estrangular as duas para que ficassem caladas.
Ela gostava dela.
E quanto a isso, estava tudo bem. Afinal, metade do departamento gostava dela daquele jeito também, e ela dificilmente poderia ser considerada como minoria; não, havia um problema um pouco maior.
Às vezes, ah, às vezes, Delphine tinha a sensação fugidia de que Cosima gostava dela também.
Ela dizia a si mesma que estava imaginando coisas, exatamente como Deb. Porque não havia chance nenhuma de Cosima estar interessada nela.
Então, por que ela estava agindo de forma tão estranha?
Quando o coffee breal terminou, ela voltou para a ala pediátrica, e tentou dizer ao seu coração idiota para parar de bater tão depressa só de olhar para ela; é claro que não adiantou. E seu coração acelerou de vez uma hora mais tarde, embora por razões totalmente, quando uma mãe meio histérica colocou um bebê molenga nos braços de Delphine.
Ela tocou a campainha de emergência antes mesmo de despi-lo.
Ele era grande e gordo, e mal abriu os olhos enquanto Delphine o despia com eficiência, e fazia algumas observações preliminares.
- Ele não para de vomitar – a mãe estava tentando não chorar – Eu o levei ao clínico ontem, ele disse que era um problema gástrico e me mandou dar líquidos para ele...
Nenhuma ajuda havia chegado, e Delphine tocou a campainha de emergência outra vez. O pulso do bebê estava acelerado, e a temperatura dele estava alta, porquanto ela o colocou no balão de oxigênio e tocou a campainha de emergência de novo enquanto empurrava o carrinho com o material para soro intravenoso, finalmente decidindo colocar a cabeça para fora do cubículo.
- Alguém pode vir me ajudar? – ela estourou, e lançou um olhar frenético para Cosima, que estava mostrando a um paciente um raio-x de tornozelo – Agora!
- Aperte o botão três vezes em caso de emergência – Cosima estourou também, quando viu o bebê.
Ela ainda estava aprendendo o básico; ainda ontem, ela havia sido advertida por reagir exageradamente, e apertar o botão três vezes por qualquer coisa remotamente urgente; e agora estava sendo repreendida por fazer muito pouco. Alguns dias, aquele trabalho era simplesmente difícil demais!
- Depressão na fontanela – Cosima examinou o bebê imóvel com eficiência, enquanto Delphine o tirava da balança e preparava um soro intravenoso. Ela estava apavorada com a idéia de aplicar uma agulha de IV em um bebê tão doente, mas aquilo fazia parte do curso, e era algo que ela precisava aprender a fazer. Ela havia começado com homens grandes e musculosos, com veias que mais pareciam trilhos, e depois havia praticado em adultor doentes. Ela havia até mesmo aplicados IVs em algumas crianças, e em poucos bebês, mas nenhum tão doente como aquele, e não com a mãe observando ansiosamente; e agora, Meg estava lá também!
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Pequeno Milagre
FanfictionPassaram-se quatro anos desde que a médica Cosima Niehaus perdera sua esposa. Mas ela ainda não conseguira superar a dor. A fim de buscar um recomeço, aceitou trabalhar na emergência. Um dia, durante uma caminhada pela praia, cia estarrecida ao ver...