Ela já estava de pé às seis, em um raro dia de folga. Ela tinha caixas para abrir, e uma cozinha para pintar, mas, em vez disso, Cosima caminhava pela rua com as chaves do carro de Delphine na mão. Ela tentaria ligar o carro, iria correr na praia, e depois resolveria o problema das caixas. Cosima abriu a garagem e, depois de ligar a ignição, o carro começou a funcionar, fazendo um barulho enorme. Então, não era a bateria.
Às oito, ela ligou para o mecânico.
- Você quer meu conselho? – o mecânico olhou para o que dificilmente poderia ser chamado de motor e franziu o cenho.
- Não – Cosima fez uma careta – Só conserte o carro, coloque-o em condições de rodar, por favor.
- Os pneus estão carecas...
- Compre uns decentes, de segunda mão – Cosima disse, porque em contraste com aquela pilha de ferro-velho, quatro pneus novinhos chamariam muita atenção.
Levou o dia inteiro, mas por volta das seis ela voltou ao hospital para devolver as chaves para Delphine.
- Como Charlotte está? – Cosima perguntou a ela.
- Um pouco melhor, obrigado – Delphine parecia completamente esgotada. O cabelo dela precisava ser lavado e havia grandes manchas negras sob seus olhos, como se ela tivesse passado delineador e esfregado os olhos em seguida; só que ela não usava maquiagem havia semanas – O resultado da primeira cultura de sangue deve sair logo, mas ela está sem febre desde a hora do almoço.
- E quanto à gasometria? – ela inquiriu.
- Está melhor – ela sacudiu a cabeça, confusa. Delphine não estava pensando como enfermeira, mas como mãe, ouvindo os médicos e a equipe da terapia intensiva – Ela vai ficar no oxigênio.
Ela queria mais informações, queria falar com o neonatologista, ver os raios-x do bebê e os resultados dos exames de sangue com os próprios olhos.
- Eles me deixaram segurá-la – ela disse trêmula.
- Isso é uma boa notícia.
Tudo o que Cosima podia fazer era leva-la até a cantina e comprar-lhe um chocolate quente e um pouco de cereal da máquina; e foi apenas quando ela lhe entregou as chaves do carro que Delphine se lembrou do que ela estava fazendo ali. Ela não estava ali para saber notícias de Charlotte, na verdade.
- O que havia de errado com o carro? – ela quis saber.
- Precisava de uma bateria nova – e de uma ignição nova, e discos e pastilhas de freio, e amortecedores, e... mas ela preferiu não entrar em detalhes.
- Quanto custou? Tem um caixa eletrônico aqui no hospital – ela disse.
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Pequeno Milagre
FanfictionPassaram-se quatro anos desde que a médica Cosima Niehaus perdera sua esposa. Mas ela ainda não conseguira superar a dor. A fim de buscar um recomeço, aceitou trabalhar na emergência. Um dia, durante uma caminhada pela praia, cia estarrecida ao ver...