- O que está acontecendo, Belinda? – Cosima só conseguiu falar com Belinda às cinco horas da tarde da segunda-feira. Ela a havia evitado durante todo o dia, e, obviamente imaginado que ela já havia ido para casa, entrou na sala e ia se virando para sair quando Cosima a impediu.
- Nada.
- Eu preciso saber por que você não atendeu às suas chamadas na sexta-feira à noite.
- Eu realmente sinto muito por aquilo. Sinceramente, eu estava me sentindo tão mal que...
- Belinda, eu cobri você, mas não vou ser tapeada – ela avisou.
- Ela ainda está casada – Belinda desabou, ao admitir – Eu descobri no sábado à noite... aquele garoto todo machucado...
Cosima franziu o rosto.
- Era o filho dela.
- Oh, Belinda.
- Eu liguei para a casa dela, mas acabei falando com o esposo... eu reconheci o sobrenome, e depois ele a chamou ao telefone... – ela mal conseguia articular as palavras, de tanto chorar – Eu simplesmente não consegui ficar no hospital e vê-la, encará-la. Você deve achar que eu já deveria estar acostumada com esse tipo de coisa agora...
- Acostumada com o quê?
- Decepção – ela mal podia acreditar na mudança que se operara nela, da mulher confiante e extrovertida que ela conhecia – Estou tão envergonhada.
- Envergonhada? – ela perguntou, espantada.
- Eu me sinto uma completa idiota – Belinda admitiu – Eu sabia que ela era ocupada, e por isso inventei desculpas para ela... que ela estava no trabalho, ou com os filhos... acho que dei a ela um milhão de motivos para justificar que só podia passar tão pouco tempo comigo.
- A culpa não é sua – Cosima disse, e não era culpa de Delphine, também. Se a exuberante, experiente Belinda podia ser enganada, que chance Delphine tivera? – Você só estava... – ela sacudiu os ombros, sentindo-se desconfortável, já que analisar emoções não era seu ponto forte – tentando ser feliz...
- Como todos nós – respondeu Belinda – Mas nós acabamos magoando várias pessoas enquanto isso – ela tomou um gole de café – Eu me sinto uma completa idiota – ela disse novamente, em desespero.
- Ela é a idiota – Cosima insistiu.
- Não é assim que parece, do meu lado – ela lhe deu um sorriso triste – Eu vou ficar bem... só preciso me recuperar, lamber as feridas.
- Eu posso imaginar.
- Mas vou chegar lá – Belinda respirou fundo – E vou sair para o mundo de novo muito em breve...
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Pequeno Milagre
FanfictionPassaram-se quatro anos desde que a médica Cosima Niehaus perdera sua esposa. Mas ela ainda não conseguira superar a dor. A fim de buscar um recomeço, aceitou trabalhar na emergência. Um dia, durante uma caminhada pela praia, cia estarrecida ao ver...