9 NO CALOR DA RAIVA - Parte 1

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— Ian, você está bem?

— Pareço bem Ed?

— O que houve com a Elena?

— Imagine, sozinha no Brasil, com aquele jeito de "faço você chegar a marte em meia hora". Entendeu ou quer que eu desenhe?

— Taylor ligou para te avisar que ela estava com outro? Que merda velho!

— Não posso parar para pensar nisso agora. Vamos voltar para perto da Eva.

A noite durou até as quatro e quarenta da manhã. O dia já está clareando quando voltamos para o hotel. Como foram dois taxis, e ambos chegaram juntos, assim que descemos Andreas veio atrás de mim. Todo meloso falar rente a meu ouvido. Por Jesus pare com isso. Não vamos namorar, casar ou aumentar a superpopulação do planeta. É só um ficada, pare com esse fingimento antes que eu perca o interesse.

— Muito cansada Elena?

O que ele quer com isso?

— Um pouco.

Ele se vira ficando quase de frente para o hotel e ponta para a lateral direita

— Bem, se por um acaso mudar de ideia, meu quarto está nesse mesmo vão do corredor só que no andar de cima trezentos e quatro.

— Vou me recordar, pode ter certeza!

Todos se despedem, hora de ir para cama. No quarto as meninas se arrumam. Continuo incomodada pelas constatações de letargia e passividade que enxerguei em mim mesma.

Quando regresso do mundo dos pensamentos perigosos, percebo que só eu estou acordada e que o sol brilha alto lá fora. Preciso dormir! Jogo o travesseiro de apoio sobre os olhos e tento, mas nada acontece. OK não vou dormir, fato.

Sem fazer barulho caminho até a mala e retiro o biquíni e a saída de banho. Pego os óculos de sol na bolsa, meu cartão de acesso, o celular e sigo para a piscina. Quem sabe nadar me canse o suficiente.

A piscina tem um formato irregular, que lembra as ondas e movimentando no oceano, ou será o encontro de vários círculos. Bem, fato é que nadar aqui vai ser difícil. Dou um mergulho na água para lá de gelada. Após a sensação inicial de agulhas finas lhe beliscando, até que a temperatura ficou agradável. Consigo uma boia com o rapaz que faz a vigília do espaço e fico lá, boiando de lugar algum para lugar nenhum, só pensando em tudo que me faz perder o sono.

Não a sei quanto tempo estou boiando, mas o roncar do estômago avisa que é hora do café. Me seco um pouco com a toalha provida pelo rapaz da boia. Coloco à saída de banho e sigo para o salão. Ao chegar no lugar vejo pelo relógio redondo na parede que são sete e vinte da manhã. Passeio pelos buffets, escolho uma variedade bem maior que a habitual. Cereais, suco, ovo, cuscuz; que é comida típica na região feita do milho; pãezinhos com geleia e uma grande xícara de leite e chocolate. Se minha mãe me visse neste momento, enfartaria com certeza. Posso até escutá-la gritando "para quê tanta coisa de uma vez". Mas detesto ficar me levantando para pegar a comida, então levo logo tudo que quero.

Quando estou bem entretida degustando o cuscuz, pós cereais, sinto uma palma de mão levemente alisar minhas costas. Ergo a vista é lá está meu amiguinho da noite anterior. Fico feliz? Será?

— Bom dia Elena!

— Bom dia!

— Posso me juntar a você?

Mundo Nada Ordinário - Série Garota Ordinária (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora