24 EPIFANIA - Parte 1

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O fim de semana foi melhor do que poderia esperar. Hope se divertiu, os ânimos ficaram sob controle, e a Figura ainda foi a festa. Mesmo tendo que passar as horas seguintes sendo importunado por um primo ou outro querendo saber quem era a morena fantástica com as crianças, fiquei feliz em tê-la por perto. De ver que Hope é capaz de quebrar as sólidas paredes que separam Elena do restante da humanidade.

Eva e Hope, no entanto, não tiveram muito progresso. Com isso resolvi leva-la de volta para Chicago sozinho no domingo.

— Você se divertiu neste final de semana?

— Muito. Obrigada pai.

— Quero que você saiba que amanhã meu novo apartamento será entregue, com isso na próxima visita você terá seu próprio espaço.

Ela acende como uma árvore de Natal.

— Isto vai ser muito legal!

— Também acho querida.

Regressei na segunda de manhã. A equipe de mudança já havia acomodado minhas coisas no novo apartamento. Organizei apenas alguns itens pessoais que deixei na casa do Joshua para levar quando tudo estivesse terminado. E para inaugurar o apartamento com chave de ouro, Elena passará a noite comigo hoje. Quem sabe este não é um novo lugar para um novo começo.

Enviei uma mensagem na hora do almoço, a Figura confirmou que posso ir busca-la por volta das cinco e meia da tarde.

Quando cheguei ao estacionamento Elena já estava se aproximando. Sobretudo branco até as panturrilhas, saltos altos vermelhos marsala e meia calça cor da pele; só as notei porque há uma costura na parte de trás que ficou bem visível quando ela deu as costas para apanhar algo que derrubou no chão. Além da bolsa de mão há uma pequena bolsa de viagens. Senti o interior do meu corpo se liquefazendo ao notar tal acessório. Elena vai mesmo passar a noite comigo. Apenas parei na calçada e ela entrou.

— Olá docinho!

— E aí figura.

Jogando as bolsas com muita propriedade no banco de trás ela coloca o cinto de segurança e partimos.

— Não vai abrir o sobretudo?

— Não. Estou bem assim.

Ainda não contei da mudança, vamos ver quanto tempo ela demora. Óbvio que não muito. Cerca de dez minutos depois ela começa a olhar a paisagem em torno de nós.

— Achei que iríamos para o seu apartamento.

— Vamos. Me mudei hoje. Esta é nossa inauguração. Vamos fazer o open house do nosso espaço em grande estilo

— Interessante!

O resto do caminho foi em silêncio.

Chegamos ao prédio de faixada futurista que mais parecem pedras de dominó espelhadas sobrepostas assimetricamente em plena Sexta Avenida. Estacionei o carro na garagem ao lado do prédio, em um ato de total atrevimento, agarrei a mão da Figura entrelaçando seus dedos nos meus e segui para a calçada. A primeira resposta foi um pequeno susto. Só percebi por causa do pequeno silvo impressionado que escapou de sua garganta. Mas, passado o primeiro impacto ela seguiu o caminho sem nenhuma preocupação. Sou obrigado a admitir que desfilar com ela em uma calçada, de dedos entrelaçados com os meus, fez-me sentir estupidamente feliz.

Mundo Nada Ordinário - Série Garota Ordinária (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora