13 UMA NOVA PERSPECTIVA - Parte 1

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Chego ao apartamento e ele está vazio. Graças a Deus. Pelo menos temporariamente estou livre dos interrogatórios. O dia está preguiçoso, as meninas estão fora. Resolvo trabalhar um pouco para ocupar a mente e não pensar na ridícula queda de braços desta manhã.

São quase três da tarde e continuo imersa em minhas planilhas e analises quando a porta de casa bate. Estou sentada no sofá e ao virar o rosto vejo Taylor acomodando as botas na parede rente a entrada da sala. Odeio quando ela faz isso

— Em casa? Achei que você estaria com o Clarkson, qualquer um dos dois, mas ainda assim achei que estaria com um deles.

Que comentário despropositado é este? Não comentei com quem saí ontem, não postei nada nas redes sociais. Para não dizer que não tirei foto, todas das quais participei foram com meu celular e não as passei para ninguém ainda. O que você anda me escondendo Taylor?

— Não. Preferi deixar eles se matando e vir trabalhar.

Vou lhe dar corda meu bem. Espero que você ainda se lembre de como se reza. Porque esta é uma ótima hora para começar a pedir ajuda divina.

— Você almoçou pelo menos?

— Na verdade, nem senti o dia passar. Estou trabalhando desde que cheguei. Não senti fome.

— Que tal irmos no Simit + Smith? Faz uma vida que não passamos por lá.

Vamos dançar Taylor!

— Claro! Vou trocar de roupa.

Visto uma calça jeans, uma blusa de linha branca com mangas compridas e um kimono de um tecido um pouco mais grosso na cor cinza, botas estilo coturno fecham a composição. Seguimos para a West 72th st., um pequeno e aconchegante café é nosso ponto de parada. Espremida entre uma loja de conserto de sapatos e uma lanchonete, nossa pequena loja de café tem uma entrada sóbria e um ambiente interno onde o preto predomina. As placas de detalhes na base do balcão, a parede lateral direita, os quadros de preço, tudo preto, contrastando com o restante do espaço em cinza e branco. Taylor pede uma pogaça, eu prefiro um muffim. Café acompanham ambos os pedidos. Nos sentamos, na mesinha que fica no canto direito em frente a vitrine. Taylor de costas para rua e eu de frente. Continuo dando corda a ela quando algo chama minha atenção.

— T. discretamente olhe para o outro lado da rua e me diga se por um acaso é Eva acompanhada de um cara dentro da lavanderia.

Taylor manda a descrição para a puta que pariu, levanta da mesa, contorna-a e senta-se ao meu lado.

— Ele é bem mais velho que Ian. Talvez seja apenas um amigo.

Nessa hora assistimos os dois saírem da lavanderia transportando o que parece ser um vestido de festa ligeiramente armado na cor fuxia. Ambos de mãos dadas, em plena luz do dia. Taylor pode estar certa, pode não ser... Retiro o que disse quando ele começa a beijá-la.

— Realmente, sou obrigada a concordar com Ian. É uma bela menina de família.

— Elena, choquei! Você vai conta para o Ian não vai? Quer que eu tire uma foto?

— Está louca? Claro que não. Nós vimos e isto me basta. Quanto a contar, não sei. Talvez, caso ele venha me perturbar novamente.

Tento parecer a mais desinteressada possível. Mas na verdade minha cabeça já racionalizou tantas possibilidades, que alinhando os pensamentos em fila indiana, daria para dar a volta ao mundo duas vezes. Isto muda tudo de figura. Antes me incomodava a ideia de ser a outra, de interferir em um relacionamento onde se não fosse por mim, ambos seriam honestos e sinceros um com o outro. Isto óbvio, ignorando a natureza predatória de Ian. Mas mesmo assim, minha obrigação era dar o benefício da dúvida. Bem, honestidade passou longe daquela ali. Ai Criador! Como sempre o senhor pregando peças para se divertir as minhas custas. Por que me mostrar tal coisa? O que raios devo fazer com essa informação que me foi ofertada assim, numa bandeja de prata. Enfim, decidirei o que fazer depois, no momento não estou afim de bancar Páris. O importante agora é não deixar Taylor notar. Se bem que, caso minha suspeita se confirme, ela mesma vai tratar de colocar a informação no colo de Ian. Dois coelhos com uma única cajadada.

Mundo Nada Ordinário - Série Garota Ordinária (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora