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Eu não acredito! Como ela pode?
Depois de tudo.
É por isso. Por isso que não largo Eva. Elena não muda, nem sequer tenta fingir o contrário.
Um sentimento primal e instintivo toma conta de mim. Sinto a descarga de adrenalina pulsando em minhas veias a medida em que espasmos agitam minha musculatura. Sou capaz de dizer que todo meu corpo entrou em colapso. Um colapso chamado Elena. A vontade é de reservar o primeiro voo para o Brasil é ir busca-la. Arrasta-la pré-historicamente pelos poucos cabelos que restam naquela cabeça teimosa. Mas nem isso posso fazer.
Ah inferno!
Nessa hora me levanto da cadeira e começo a passear pelo escritório tentando conter essa enxurrada de sensações nada agradáveis. Coço a cabeça, esfrego as mãos nas pernas. Não funciona muito. Preciso colocar para fora. Preciso parti-lá ao meio assim como ela está me partindo.
Raios que ódio!
Em um acesso intempestivo giro de frente para minha mesa apoio as mãos paralelamente uma a outra no lado direito, de forma que cubro quase toda a extensão de seu tampo e com um grito gutural de raiva arremesso tudo como uma avalanche no lado oposto. Pareço um rolo compressor esmagando e jogando tudo fora.
O barulho é tão alto que chama a atenção de minha secretária e outras pessoas em salas próximas. Sei disto porque antes mesmo de me desapoiar da mesa Mary entra desesperada
— Está tudo bem Ian?
Um pequeno silvo de surpresa. É tudo que ela consegue emitir ao me ver de costas para a porta, punhos cerrados apoiados sobre o tampou da mesa, agora completamente vazio, e todas as minhas coisas espelhadas pelo chão.
Com muito esforço consigo emitir uma única frase trincada entre os dentes.
— Saia já daqui.
Torno a cabeça em sua direção, consigo ver olhares curiosos nos corredores, mas ninguém se atreve.
— Por favor! Agora.
— Sim senhor.
Quando ela está fechando a porta vejo Joshua se encaminhando em direção a minha sala. Ah não, não tenho estômago para isso agora. Bato no bolso e vejo que as chaves do carro estão dentro. Dou meia volta em torno de mim mesmo e saio batendo minha porta.
Josh me olha e tenta
— Ian, o...
— Agora não.
Ergo minha mão espalmada em sua direção num claro sinal de alerta. Preciso sair daqui.
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Não acredito já está na hora das meninas voltarem. Deus como foi bom! Estamos no aeroporto de Recife aguardando para fazer o check in. Pela primeira vez desde que cheguei ao Brasil sinto uma pontada de tristeza. Ao contrário da maioria absoluta das pessoas, meu happy end não é a dois. São elas. E o Isaac. Queria que entendessem isso. Não preciso de um par. Preciso dos meus amigos, meu referencial. Isso sim me faz feliz.
— Elena, está aí algo que não vejo sempre. Você está com cara de boba sorrindo para o nada.
— Estou é? Aff!
— Pensou em quem?
— Em vocês. Pensando que desde que cheguei, essa é a primeira vez que lamento não estar indo embora. A separação de vocês. Não importa o quanto briguemos, vocês são meu referencial. O que dá um norte ao meu mundo. Sinto falta da presença de vocês até quando estão me enchendo o saco.
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Mundo Nada Ordinário - Série Garota Ordinária (Livro 2)
RomanceApós meses brincando de gato e rato Ian e Elena estão cada vez mais perdidos em meio aos sentimentos que nutrem um pelo outro e as características nocivas de suas personalidades. A força da química que os mantêm juntos parece não ser suficiente para...