*Capítulo 8 - Motel 96

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Um carro em alta velocidade furou o sinal ao som do Rage Against The Machine antes de entrar na rodovia.

- Aquele filho da puta. Vai ver só o que é bom. Como ele foi capaz de fazer uma coisa dessas? Mas ele vai ter o que merece, todos na cidade vão ficar sabendo. - esbravejou a jovem dirigindo loucamente sobre o asfalto.

22:35 - NOITE ADENTRO - Bar

O carro levantou poeira ao parar violentamente no estacionamento. A jovem entrou no bar e andou até o balcão.

- Oi.

- Oi - disse o barman. - O que você está...

- Eu quero uma dose de tequila e não diga uma só palavra.

- Tudo bem, mas eu acho que...

- Você não tem que achar nada. - Ela o interrompeu. - Hoje eu quero me acabar.

- Pronto. Aqui está a sua tequila.

A jovem virou de uma vez só o copo e andou em direção às mesas.

- Posso me sentar aqui com você?

- Fique à vontade - falou um homem, tomando um gole de cerveja, sem olhar para a jovem.

- Observei você lá do bar - Ela se virou na cadeira, apontando para mostrar-lhe onde estava - e notei... Ah, não interessa o que eu notei. Posso? - apontou ela para a caneca de cerveja sobre a mesa.

Endireitando-se na cadeira, o homem empurrou a caneca em sua direção. A jovem o pegou tomando tudo em um só gole o resto da cerveja.

- Precisamos de mais. Eu já volto.

- Uma cerveja bem gelada, obrigado.

- Que doideira essa gente toda. - falou a jovem debruçando-se no balcão e erguendo uma das pernas. - Eu quero... espera um pouco, deixa eu me localizar. Eu quero duas cervejas... uma para mim e outra para o meu amigo sentado LÁ naquela mesa.

- Aqui está a sua cerveja caubói. - falou o barman, colocando uma caneca fria sobre o balcão. - E você mocinha, não acha que está exagerando um pouco demais, hein? - indagou o garçom pegando em seu braço.

- Me solte... e vá fazer o que você é pago para fazer.

Ele a fitou antes de sair sendo chamado por outro homem no balcão.

- Oi tio, tudo bem? - disse a jovem passando o dedo sobre o decote da sua camiseta regata justa. - Está sozinho aqui, é?

- Suas cervejas. E pense bem na merda que está fazendo.

- Não enche! - respondeu a jovem antes de sair cambaleando pelo bar. - Demorei, mas cheguei. - Ela soltou um riso estranho.

O homem pegou a caneca, tomando um pouco.

- Que tal sairmos daqui, hein? O que você acha? - levemente, sua mão desceu e pousou sobre a coxa dele. - Venha, eu conheço um lugar ótimo para passarmos a noite - disse ela, levantando-se da cadeira. - Te espero lá fora.

A jovem cambaleou até a porta, saindo do bar.

O homem ainda bebeu mais um pouco antes de sair.

- Pensei que teria que ficar a noite toda aqui - falou ela de dentro do carro. - Vamos, entre!

23:04 - Motel 96

- Você nunca mais vai se esquecer dessa noite - disse a jovem, ao abrir a porta do quarto.

Assim que entraram, ela se virou para o homem, tirando sua camiseta, fazendo seus seios se arrepiarem por causa do ar-condicionado.

- Venha. Você pode fazer o que quiser comigo. - disse ela dando as costas para ele.

- Era nisso mesmo que eu estava pensando em fazer. - respondeu o homem em tom baixo depois de fechar a porta.

08:53

Bartolomeu jogou as três raposas no fundo da carroceria da picape Chevrolet, e com as mãos sujas de sangue travou a porta, seguindo de volta para casa.

*

Um homem saiu do quarto, entrando na loja de conveniências que ficava na recepção do motel. Ele se aproximou do balcão e disse:

- Vou levar aquele ali - apontou ele para um dos bonés pendurando no mostrador.

- Está um inferno lá fora - disse o atendente. - Com essa coisa que está usando você vai derreter.

- Pode ficar com o troco - falou o homem que, ao sair da loja colocou o boné na cabeça e saiu andando sob o sol forte.

Bem-vindo à Escuridão - ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora