Sofia abriu os olhos fitando assustada o infinito escuro do céu sem estrelas. Um ar gelado tocava levemente seu corpo, e ela demorou a perceber que estava deitada sobre um vasto campo, coberto por pequeninas flores azuis.
- Mãe? - sussurrou, sentindo a brisa fria penetrar em seus poros. - Mãe, você está aqui?
Fazendo força para se levantar, Sofia firmou as mãos sobre as flores, erguendo seu o corpo.
Sem saber ao certo onde estava, a garotinha começou a andar por uma estradinha de chão que surgira à sua frente em meio a um nevoeiro de cor amarelada. Com andar cuidadoso, ela foi passo a passo penetrando no nevoeiro, até se assustar com o pigarrear arranhado de alguém que surgiu em sua frente.
- Olá, meu doce anjinho. - disse um homem, com um sorriso.
- Onde estou?
O estranho homem usava um longo sobretudo negro, com a gola levantada, que cobria o pescoço. Ainda com o sorriso estampado na face, ele se aproximou de Sofia, respondendo sua humilde pergunta:
- Ora, ora - disse, abrindo os braços - você não reconhece esse lugar?
Hesitante e parecendo estar envergonhada, Sofia balançou a cabeça negativamente.
- Venha até aqui - disse ele, chamando-a com a mão que tinha um anel prateado em cada dedo. - Não tenhas medo, afinal, nos sonhos nada de ruim pode acontecer.
O pequeno coração de Sofia parecia que ia saltar pela boca, mas algo a tranquilizou, de repente. O estranho homem, ao chama-la, fez surgir uma flor azul igual a que Sofia se viu deitada minutos atrás. Ela pôde sentir o cheiro suave entrar pelo nariz, e uma sensação boa se espalhou por todo seu corpo.
- Venha - disse o homem -, logo você estará se lembrando de que lugar é este.
- Este lugar é meu sonho? É por isso que reconheço você de algum lugar.
- Estou em seus sonhos há muito tempo, pequenina, mas... - Ele entregou-lhe a flor e se pôs atrás dela, colocando as mãos sobre seus ombros. - Você sempre preferiu o outro lado... entretanto - disse ele, com uma voz soturna - aqui é mais divertido. Enfim... deixe de ser chatinha, e me siga. Aliás, mil desculpas, meu nome é Hitacus, mas podes chamar-me de I.
Hitacus tirou as mãos dos ombros de Sofia calmamente, notando que ela parecia estar pensando na proposta de segui-lo. Mas, vendo que a menina não se decidia, achou melhor provoca-la, deixando-a para trás.
Com andar engraçado, I começou a trotear, fingindo esquecê-la.
De repente, Sofia deu dois passos apressados para frente, chamando-o.
- Espere! Eu vou com você.
- Então, decidistes vir comigo. Mas que maravilha! - disse ele enfático. - Já não era sem tempo... temos vários lugares para visitar, e tenho absoluta certeza que o primeiro irás adorar.
Os dois seguiram caminhando por entre a densa névoa que cobria a estrada, feita de pequenos cascalhos. Sofia com seu fino vestido de algodão, sentia o frio que, persistia a continuar batendo em seus poros. Hitacus fingiu não notar a angustia da menina devido ao frio, ele olhava para ela de esguelha, dando um sorriso cordial a cada instante que trocavam olhares.
- Vai... de-morar mui...to... pa... para... chegar-mos a... esse lugar? - indagou ela, com os braços entrelaçados ao corpo tremendo de frio.
- Já chegamos! - disse ele, fazendo uma dança estranha, e logo em seguida imitando um gesto de reverência à sua frente. - Então... não estava com saudades deste lugar?
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Bem-vindo à Escuridão - Contos
Kısa HikayeQuando a Escuridão chega não há nada que possamos fazer para que nossos medos se tornem reais. Muitas vezes estamos aprisionados a eles da forma mais íntima e comprometedora. Em meio a Casa em Árvores, Fotos antigas, Objetos... Sendo a força da Natu...