Dazed and Confused

Capitulo 1

Prólogo.

Era um dia frio e nublado na velha Surrey. Final de semestre e correria dos alunos do último ano para o baile, a formatura, e formas de deixarem sua marca na escola. Entre todos eles havia eu, Samanta, que não estava preocupada nem com bailes e muito menos com festas de formaturas ou marcas estúpidas. Apenas queria fazer o que tinha de ser feito e dar o pé dessa prisão inglesa. Estava havendo uma revolução lá fora e eu queria fazer parte dela. Dizem que o futuro está na América.

Caminho lentamente pela calçada junto com o enorme fluxo de estudantes e desvio no primeiro beco que avisto. Lá, no final de uma rua sem saída de um beco que mais serviria para um assassinato de Jack o Estripador, estava um oásis de discos obscuros e alternativos. Pelo menos para os padrões dessa cidade. Eu não era de matar aula, porém era motivo de força maior; John, o cara dono da loja, havia avisado que chegaria o novo disco do B.B King e eu, como fã e frequentadora assídua, tinha que ser a primeira a ouvir essa obra. Mesmo se isso me custasse um dia da última semana de aulas. E que fosse uma segunda feira.

Dou um gole em meu café enquanto sento ao fundo da loja para, enfim, fazer a contemplação do disco. John já tinha até uma almofada especial reservada pra mim. Com os fones plugados na radiola, fecho os olhos em êxtase. Qualquer coisa que B.B produzisse era um som dos deuses pra mim. Sinto uma mão gelada cutucando meu braço.

— Sabia que iria te encontrar aqui. - Ouvi Patrick falar, parecia estar na minha frente. Não abri os olhos.

— O que você faz aqui, nerd. - Disse enquanto estalava os dedos ao ritmo da música.

— B.B King, porra! - A voz dele soou animada. Abri os olhos e me deparei com seu familiar sorriso, não tinha como não se contagiar.

— Pat, seus pais vão te matar se souberem que matou aula de novo.

— É a última semana, relaxa. Eu já dei duro minha vida toda. E mais, eles estão viajando. Mandei um atestado falso pra escola, você sabe como eles puxam meu saco lá.

— O aluninho destaque. - Revirei os olhos.

— Olha, você sabe muito bem que se não fosse tão maluca ia estar par comigo por lá.

— Ah, vamo parar de falar nisso. Escuta. - Coloquei os fones em suas orelhas. Ele fechou os olhos e sorriu novamente.

— Gênio.

Quando saímos da loja já eram quatro da tarde. Sempre quando íamos passávamos bastante tempo por lá, ouvindo música, conversando. John até mesmo já nos pagou para fazer a catalogação dos discos.

— Você quer ir no baile sábado comigo? - Ele parou a caminhada subitamente e me deu um olhar hesitante - Quer dizer, eu sei que você não gosta dessas coisas mas... seria legal... ir lá.

Patrick e eu somos amigos desde que ele se mudou para Surrey. Ele gostava de mim e eu dele, mas ambos éramos idiotas demais pra admitir nossa atração.

— Claro. - Continuei caminhando, não deixaria ele ver o sorriso que havia escapado em meu rosto.

— Sério mesmo? - Ele deu uma corridinha pra me alcançar.

— Não é grande coisa... é só mais uma festa idiota. Na verdade, é a mãe das festas idiotas. Porquê não?! - Pela minha visão periférica vi ele sorrindo de lábios fechados e olhando pra frente.

Sábado à noite

— Samanta, Patrick está aqui! — Ouvi minha mãe gritar do primeiro andar.

Hoje eu planejo perder minha virgindade com Patrick.

— Já vou!

Desci as escadas e o avistei vestido ridiculamente com um terno verde e uma blusa de babados por baixo. Era vestimenta de exigência do baile. Ele fez uma expressão surpresa e minha mãe começou a debulhar em lágrimas.