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Olá pra quem ainda recebe notificação dessa história e veio animado achando que era uma atualização.

Acho que devo começar com desculpas.  Já fazem o que? Um ano desde a ultima atualização? Para aqueles que acompanhavam e gostavam da história e queriam ver um final, desculpa. 

Agora chegou a parte das explicações.

 Eu comecei essa história com 17 anos. Nessa época, eu já estava a uns 2 anos com uma "leve" depressão. Eu havia acabado de me mudar de cidade, deixado amigos muito próximos na cidade que morei desde os 9 anos, amigos que conhecia na minha adolescência inteira, deixei também um namorado. Imaginem uma pessoa extremamente tímida, depressiva e agora, sem amigos. Havia colocado na minha cabeça a ideia louca que não precisava de novos amigos, já que, eu já tinha amigos muito bons que, naquela época, achei que duraria para sempre. Logo, me fechei para tudo e todos. Passei 6 meses praticamente sozinha, trancada dentro do quarto, recusando a ser feliz e aproveitar. Foi ai que minhas amizades foram mudando, os antigos amigos seguiram com suas vidas e o contato foi cada vez menor. O namorado terminou comigo e simplesmente cortou-me de sua vida. Alguns meses depois, acabei descobrindo que minha melhor amiga que escutava meus choros na madrugada, sabia o quanto eu sentia falta do meu ex e o quão triste eu estava, ficava com esse mesmo ex pelas minhas costas. Parece besteira, mas na situação que eu estava, foi o fim. 

A partir dai, tudo só piorou. As questões financeira dos meus pais foi piorando, já que só meu pai estava trabalhando. E eu fui piorando. Chorava sozinha quase todas as noites, aquelas que eu não chorava era porque havia tomado, no mínimo, dois remédios para dormir. E eu não pedia ajuda. Sofri calada por quase um ano. Sempre me comparava com uma "bomba relógio" que a qualquer momento iria explodir. Nesse meio tempo, acabei descobrindo o canal no youtube do O2L e, bem, eu não sei explicar, mas foi como se eu não estivesse mais sozinha. De alguma forma, assistir seus vídeos era confortável e seguro. Eles passaram madrugadas me tirando de zonas terríveis em minha mente, mesmo sem saber. E de certa forma, me ajudou.

Foi ai que eu decidi criar essa história. Era uma maneira de falar anonimamente tudo que sentia. Era um jeito de tirar o peso das minhas costas. Nunca foi algo que eu comecei por querer "atenção", e nunca achei que conseguiria tantas visualizações como tenho. Durante muito tempo, essa história foi o que me salvou. 

Passei um ano e meio nessa cidade nova e acabei tendo que voltar para minha antiga. Voltei cheia de esperanças. Esperança que voltasse tudo a ser como era. Mas não foi. Já estava tudo diferente. Meus amigos haviam conseguido amigos novos, vivido coisas diferentes que eu não vivi com eles. Mas tudo bem, eu já não ligava mais. Eu já não ligava mais pra nada. 

Meu terceiro ano foi um dos piores anos da minha vida. Consegui pedir ajuda dos meus pais e comecei a tomar remédios para me ajudar na recuperação da depressão. Era um dia mais difícil que o outro. Eu me sentia sozinha, vazia. Como se eu não estivesse vivendo, apenas existindo. 

Imaginem uma menina de 18 anos odiando tanto si mesma, que passava dias sem comer, se cortava nos lugares mais escondidos por achar que "merecia aquilo", merecia ser punida por não ser uma pessoa boa, por qualquer erro que cometia, erros aqueles que não eram graves, eram erros de uma pessoa normal, mas para mim, era quase um crime e eu merecia sofrer por aquilo. Cada vez mais fui me afundando nisso. Parei de querer sair de casa. Forçava-me a ir a escola, a conversar, a viver. Sempre gostei de usar metáforas para tentar explicar o que eu sentia. Lembro-me de uma vez que comentei com a minha psicóloga que acreditava que cada pessoa tinha um "monstro pessoal". Alguns monstros eram pequeninos, calados e inofensíveis. Outros eram gigantescos, barulhentos e assustadores. O meu era meu pior inimigo, era meu maior medo. Eu sentia como se ele gritasse no meu ouvido coisas horríveis. Eu inventei ele para não aceitar o fato de que eu achava aquelas coisas de mim mesma. Estranho, né? Eu deveria ser a pessoa que mais me amava, eu deveria ser minha melhor amiga, mas não, não era bem assim. Eu tinha medo de mim.

I Wouldn't Mind.Onde histórias criam vida. Descubra agora