O velocista ia desacelerando aos poucos e, com isso, as ondas gravitacionais se tornavam cada vez menos visíveis. Ele parou, observando tudo ao seu redor, com seu corpo irradiando a energia azulada dos átomos que o bombardearam.
Ele reconhecia o lugar onde estava. Não era a pacata Primavera, mas a movimentada 23 de Março, em São Paulo.
Avistou uma banca, não uma que conhecia, talvez fosse nova. Correu em meio as pessoas que lotavam o asfalto, estáticas, e foi na direção aos jornais, apanhando um deles.
"02 de Abril de 2021"
- Merda - resmungou, ao perceber que correra demais.
"Rebelião no Campo de Concentração Jerico" - uma foto estampava a notícia da primeira capa, com pessoas correndo portando colares com luzes amarelas na nuca e quebrando a cerca de luz neon azul. - "Mais de cem corrompidos foragidos".
Mais abaixo, ainda na primeira capa, uma foto menor ilustrava um homem louro de costas usando com um tipo de armadura. Era uma couraça azul revestindo seu tórax indo até as coxas e braços, mas parando nos coturnos e luvas dourados.
Ele segurava, pelo pescoço, uma garota loira, de traje branco e capa dourada, armando o outro punho para um soco.
- Karen Maximus! - pasmou o Gladiador Azul, ao reconhecer a líder da Frente Unida, o grupo global de heróis, sendo esganada pelo adversário.
Observou a manchete com atenção.
"De qual lado da guerra você está, Raiju?"
- Não! - gritou assustado, jogando o jornal no chão. - Onde eu estou errando? - Cobriu o rosto, consternado.
Olhou para o relógio eletrônico de rua, eram cinco e vinte e sete da tarde. Não deveriam ter tantas pessoas num horário de pico na rua, mas sim milhares de veículos. Até tinham, todos abandonados mais à frente.
As pessoas estáticas fugiam de algo, um homem de aparência peculiar e cerca de três metros de altura. Longas vestes brancas, pele num dourado artificial, uma vasta barba castanha e uma coroa negra repleta de joias na cabeça.
Ao lado da figura que parecia ter saído da realeza da antiga Pérsia, como mostrava na foto do jornal, estava o próprio Arthur. O Raiju não tinha seus óculos azuis e o tradicional capacete parecido com o de um gladiador.
- Não vou me tornar isso! - esbravejou, com a garganta dando um nó. - Preciso sair daqui.
As cargas elétricas brotaram de seus pés, ele acelerou o bastante para tornar as ondas gravitacionais visíveis novamente.
Avenida Presidente Vargas, presente
Já era noite quando agentes da ANIC recebiam toalhas enquanto saíam aos montes pelo portão do terminal F da subestação. O brutamonte Hur, sendo algemado, era conduzido novamente para o furgão que o trouxera.
- Tivemos apenas alguns feridos, senhora - respondeu um dos oficiais, com uma prancheta em mãos. - Nenhum morto.
- Ótimo - respondeu Trap, ao perceber o seu celular vibrar.
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WSU's Raiju
AdventurePara todo velocista o tempo deveria ser relativo, exceto para Arthur. Seu tumor cerebral faz com que cada uso de sua supervelocidade seja infinitamente doloroso e, somando isto ao fato de estar cercado de pessoas lentas demais para ele, há apenas o...