Último Quilômetro

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Subestação de metrô de Primavera, terminal F


Cabisbaixo e sentado no que restara do banco de cimento da plataforma de embarque, Aarseth atentava para o vagão, segurando a espingarda apontada para a porta quebrada e esperando qualquer tentativa de fuga de Azar.

Tocou o torniquete que improvisou com sua camisa no ombro e grunhiu com a dor. Só então, foi surpreendido com a ventania e os elétrons desprendidos do chão pelo homem iluminado de azul que parou em sua frente.

Segurando o corpo de Catarina em seu colo, o velocista se agachou, repousando o corpo da falecida no chão. O hacker apenas observou tudo com um nó na garganta, foi inevitável a lágrima única que escorreu pela sua bochecha direita. Ele se ajoelhou e tocou o rosto da garota sem vida.

- Ela era tão linda - lamentou, arrumando os óculos para enxugar as lágrimas. - Seria bom, se fosse uma mentira.

O Raiju agarrou seu pescoço com a mão direita e escorou sua cabeça na do irmão.

- Eu preciso de você agora, irmão.

- Esquece isso, Arthur. - Chateado, levantou-se. - Fodeu.

- Não, ainda temos uma chance - disse o herói, também se erguendo, esperançoso. - Se recriarmos uma singularidade de mesma intensidade e direção, mas em sentidos opostos...

- Eles se sugam e os campos gravitacionais se anulam - completou o hacker, com tristeza e desesperança.

- Andei estudando, como pediu.

Incrédulo, Aars negou com a cabeça.

- Sabe que é quase impossível, não é? Essa coisa aumentando cada vez mais. Vai engolir Primavera, daqui a pouco o Rio e quando nos dermos conta...

- O mundo todo - desta vez, o velocista interrompeu.

Um filete de sangue verde escorreu pelo nariz do Gladiador Azul e sua mão direita apresentou um leve tremor.

- Me leva pro terminal B - pediu o hacker. - Preciso normalizar as suas taxas com os nanobots.

- É pra já - respondeu o herói.

- A sua adorável mãe está repousando naquele vagão. - Apontou, ao dizer. - Traga ela e...

Ao olhar para baixo, suas palavras travaram e seus olhos fecharam-se. No abrir, já estava em sua velha casa, o terminal B. Todas as máquinas de seu quarto improvisado na bilheteria espalhadas e lacradas como provas criminais, assustaram o jovem hacker.

- Puta que pariu! - xingou, aborrecido. - Os gambé foderam tudo! Vai levar um ano pra eu instalar tudo!

Ao terminar sua gritaria, viu um feixe de luz azul formando um círculo ao redor de si e dos lacres. Num instante, parecia que uma faxineira havia organizado toda a bagunça da semana e o quarto de Aarseth estava com tudo devidamente instalado.

- Elas estão no meu quarto - alertou o velocista, ao surgir na frente do rapaz. - Vou precisar que você entre no sistema do Phoenix Labs para eu ter acesso ao acelerador.

- Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar desse jeito - rebateu o hacker, desanimado.

- Vai ter que cair - respondeu o velocista - Sprint!

A ventania e os elétrons no ar ficaram visíveis, quando ele deixou o local em alta velocidade.


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