O homem dedilhava em seu violão.
Não havia uma plateia para aplaudi-lo.
Era ele e uma criança, na sala da casa.
Ele e uma criança, em uma casa comum de família.
As várias notas, rítmicas e harmônicas, acompanharam o som da voz suave e afinada tal qual cada corda do instrumento.
Espere por mim morena
Espere, que eu chego já
O amor por você, morena
Faz a saudade me apressar
Café da Flor
- Talvez isso te refresque a memória - Pôs algo sobre a mesa.
Ao tirar a mão de cima do objeto, estava claro e gravado no distintivo de prata: ANIC.
- Agente Carol Trap, ANIC - apresentou-se. O som do metal ressoou debaixo da mesa. - E essa é minha arma engatilhando e apontadinha pros teus colhões.
Desesperado, o rapaz coçou sua cabeleira cacheada.
- Olha... eu ia me entregar - disse Aarseth, sorrindo. - Eu juro.
- Hum. - Acenou a mulher positivamente, com a cabeça. - Mas que interessante - a ironia era vívida em sua voz.
- Um dia eu faria isso - continuou, engolindo seco.
- Acha que a gente tá aqui porque tu aproveitou uma chancezinha e fugiu, moleque trouxa? - indagou a agente, franzindo as sobrancelhas.
O hacker arrumou os óculos no rosto.
- Então o que é, docinho? - perguntou, inalando curto.
- O drive roubado é programado para emitir um sinal de localização, que informa o local do uso. - Ela colocou uma foto de satélite com uma área circulada em vermelho. - E o Phoenix Labs nos fez a denúncia.
Observando a marca, viu que se tratava de uma instituição de ensino infantil.
- Não me acha maduro o suficiente para frequentar a Creche da Criança Feliz? - perguntou, franzindo a testa.
- Não - a mulher forçou uma risada -, embaixo dela. A subestação abandonada.
Carol colocou mais uma foto sobre a mesa. Nesta, estavam os dois irmãos sorridentes no Parque das Capivaras, ponto turístico da cidade. Aarseth observava tudo atônito, como se não entendesse nada.
- Tem uma dezena de agentes esperando meu sinal verde lá fora e um monte recolhendo seus computadores na subestação - explicou ela. - Acabou.
Aarseth pensava naquele momento em todos os segredos que guardava nas suas máquinas, agora tudo nas mãos da agência que trabalhava.
Por baixo da mesa, ela segurava uma arma de calibre menor, mas que abriria um bom buraco no jovem à sua frente. Nas mãos dele, um celular. E poderia ser diferente vindo de um adolescente deste século?
Bairro do Leme
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WSU's Raiju
AventurePara todo velocista o tempo deveria ser relativo, exceto para Arthur. Seu tumor cerebral faz com que cada uso de sua supervelocidade seja infinitamente doloroso e, somando isto ao fato de estar cercado de pessoas lentas demais para ele, há apenas o...