Reencontro

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Agência Nacional de Inteligência e Contrainteligência

Rio de Janeiro

2016


A cidade estava mais movimentada que em 2014, os Jogos Olímpicos aqueceram a economia e explodiram o turismo local. Mas ninguém contava, mesmo com a mistura de tantas nações em apenas uma cidade, com o ataque terrorista.

Começaram com um discurso religioso e extremista, os caras sequestraram a família presidencial estadunidense e o embaixador da Coréia do Sul, que estavam lá para prestigiar seus atletas! Passeio errado da porra. Esse era o assunto mais comentado na agência.

O diretor Beltrame tinha perdido o controle da situação completamente. A cabeça dele tava na jogada e chegou ao ponto dele precisar acionar a Frente Unida, autônomo grupo de heróis que protegeu São Paulo de uma invasão alienígena, pouquinho antes. O desenrolar da coisa todo mundo já sabe. Na verdade, eram corrompidos tramando um ataque nuclear para aumentar a população mundial dos de sangue verde.

Mas o que eu mais queria naquele momento, era me livrar daquela tornozeleira preventiva na minha perna direita. Aquele pedaço de metal em forma de anel era a única coisa que me prendia ao governo.

Quatro anos antes disso, eu era o maior estelionatário do país e isso decepcionou muito o Herbert e a Felícia, até o meu irmão Arthur. Dei golpes milionários atrás de uma tela de computador, até a ANIC bater na minha casa e ameaçar minha família.

Passei dois anos atrás das celas da Febem e de lá, recebi a notícia de que os meus pais haviam falecido em um acidente nuclear. O reator da usina em trabalhavam esquentou demais, matou vários trabalhadores e espalhou radiação por toda São Paulo. Todo mundo sabia que o erro havia sido forçado e não pelos assalariados malpagos.

Foi então que a ANIC viu que eu era bom demais pra estar numa cela e me trouxe para trabalhar com eles, financiando milhões no meu projeto de nanobots. Só que eu não era o único naquela condição.

- Oi, gatinho - disse-me a moça ruiva, fechando o notebook em minha mesa, que estava escorada na parede.

Arrumei meus óculos e a olhei seriamente em seus olhos verdes.

- Oi, Cacá - respondi seco, levantando a tela novamente.

Ela sentou-se em cima da minha mesa e colocou o seu pé sobre a mesa. Sua tornozeleira, como a minha, tinha duas luzes verdes, mostrando que o aparelho estava rastreando e habilitado. Os olhos dela vidraram no computador.

- Jovem corrompido de vinte e um anos é detido por oficial e detetive local em São Paulo. - disse a ruiva, lendo a manchete da notícia. Em seguida, ela aprofundou a leitura. - Arthur Brandão, o suposto vândalo da casa do policial Erik Leminski, foi detido pelo proprietário da residência e o detive particular Azathoth. No entanto, o jovem foi hospitalizado...

Concentrado na foto de meu irmão com um casaco de capuz azul, a voz de minha companheira de trabalho foi ficando cada vez mais distante. Arthur era a pessoa mais justa, inocente e boba que eu já havia conhecido.

O cara era um pintor, que era membro da CUT e saía pra protestar com um pão com mortadela na barriga. Era um pobre e inocente e agora, estava com uma tentativa de homicídios nas costas, já que havia tentado matar o tal Leminski, que era o responsável pela investigação travada contra a Column, a multinacional proprietária da usina que fritou nossos pais.

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