Epílogo

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Recife


A televisão estava ligada e a moça ruiva assistia tudo apreensivamente, sentada no sofá ao lado de seu namorado.

- Após a chegada do velocista Raiju, a singularidade não retornou em ponto algum de Primavera e regiões - disse o repórter, com a seriedade da profissão. - No entanto, já são duzentas e dezessete pessoas confirmadas entre as mortes e desaparecimentos com a chegada da singularidade.

Apreensiva, a garota levou a mão à boca franzindo o cenho. Então, o celular de seu acompanhante tocou.

- É a Karen Maximus, me chamando pra mais uma missão - concluiu ele, ao observar a tela do aparelho. - Estão precisando do Aracnídeo lá. - Sorriu, arqueando as sobrancelhas. - A Frente Unida tem que colocar tudo em ordem em Primavera, o Hur à solta e não se sabe muito sobre essa tal singularidade.

O garoto se levantou e observou o jornal, coçando a nuca raspada, bem como as laterais do couro cabeludo, contrastando com seu topete castanho e liso no topo da cabeça.

- A ANIC acaba de atualizar a lista dos nomes dos desaparecidos. - As más notícias continuaram a serem difundidas. - Caio Fontes, Patrícia Oliveira, Ernesto Vivaldi...

Ela parou inerte, parecia não dar ouvidos ao que seu namorado dissera e nem à reportagem. Olhando para televisão, ele concluiu:

- É a sua cidade natal, não é? - perguntou, quando a garota se virou para ele e acenou positivamente com a cabeça, com os olhos mareados. - Conhece essas pessoas, Serena?

- Jonas... - chamou a ruiva, sem segurar o choro.

O rapaz a abraçou, a fazendo esconder o rosto em seu ombro.

- Felipe Mourinho, Lívia Dias e Arthur Caesar Brandão.




Atemporal


- Espere por mim, morena - cantou o senhor careca dedilhando com ternura o seu violão. - Espere que eu chego já.

Do alto de um prédio, sentado sobre uma cadeira de praia, ele observou a imensidão daquele vasto céu que variava agora em tons escuros de vermelho e púrpura.

- O amor por você, morena, faz a saudade me apressar - suspirou triste, olhando para baixo.

Olhou novamente para os céus e se levantou da cadeira, irritado, pegou o violão pelo braço e, com um golpe tão rápido, o instrumento já estava totalmente destruído no chão.

- Moleque burro! - esbravejou, fazendo seu grito ecoar. - Eu segurei seu punho, não só pra te dizer que não valia a pena sujar as mãos de sangue. - Olhou revoltado para cima, como se soubesse onde o filho estava. - Garoto, o mundo das estátuas é das estátuas!

Soltou o que restou de seu violão no chão e enxugou a lágrima que descia de seu rosto com o punho fechado.

- Queria que você estivesse aqui, Arthur. - Acenou continuamente com a cabeça. - Virou-se e caminhou na direção oposta a que estava. - Queria realmente que estivesse aqui.

Ao se virar de costas, um portal negro se abriu e, deste, um corpo saiu. Logo em seguida o buraco fechou e abandonou à deriva o garoto de cabelos loiros e uniforme azul.

WSU's RaijuOnde histórias criam vida. Descubra agora